segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A ASCENÇÃO DE UM HOMEM BOM

Sinto que o tenho de fazer, por mim e por ele…

É um pequeno resumo da história dum homem que teve a sorte de viver com Ele no coração…

Lembro-me sempre dele a responder a todos sempre com referência a Deus e, em reuniões familiares, sempre que se falava em temas religiosos, eu estava sempre ansioso por ele demonstrar o seu ponto de vista, diferente do habitual, quando se falava da igreja católica, padres e santos feitos de madeira…

No dia da despedida e da homenagem à vida dele, ouvimos todos, que nesse dia perdia-se um homem bom, que quando o cumprimentavam e perguntavam se estava bem, respondia sempre: Tudo bem graças a Deus. Foi lido o texto que mais gostava, o Salmo 23..., foi um momento único e emotivo, ele certamente gostou onde quer que estivesse…

Fez as suas escolhas, deu conselhos, foi tolerante e foi doente desde cedo, mas sempre aceitou todas as situações sem resistência.

Quem convivia com ele, muitos deles não se apercebiam das suas limitações físicas e de tudo por que tinha passado. Sempre que via sofrimento respondia que ia pedir a Jesus por aquela pessoa… tantas vezes que me disse a mim que tinha que confiar em Jesus, então depois do meu internamento hospitalar… foi a primeira pessoa que sempre que verificava melhoras em mim, dizia-me… por vezes, até eu achava que falava com mais fluidez quando dialogava com ele.

Tenho saudades da sua voz…

No dia seguinte ao meu acidente, só pensava nele e, não queria que ele soubesse que eu estava no hospital… ele que tinha saído do mesmo hospital, (depois de estadia complicada e demorada), poucos dias antes… tinha medo do que pudesse acontecer… Só passados dias após o meu internamento e depois duma transferência de hospital, recebi a visita dele. Foi relaxante para mim, saber que ele estava calmo e confiante… ele não estava sozinho, a verdade era essa.

PRIMEIRO CONTACTO…

Por inúmeras vezes convidei-o para ir passar parte do dia no meu escritório, na margem sul do rio Tejo e, num desses dias, num almoço de peixe grelhado em Setúbal, contou-me à mesa do restaurante, que todas as vezes que falava no que lhe tinha acontecido um certo dia, ainda jovem, mal o conseguia contar até ao fim, porque comovia-se e escorriam lágrimas dos seus olhos. Constatei nesse momento que era verdade (não conseguiu contar até ao fim, mas deu para perceber…), foi nesse dia que tomei conhecimento da forma como ele O tinha conhecido. Nunca me tinha contado antes...

Contou-me que, um domingo no Jardim das Amoreiras em Lisboa, onde brincava com um amigo, sentiu um chamamento através da música vinda de uma igreja evangélica que aí existia e, penso que ainda existe,… entrou na sala dessa igreja e deteve-se na sala do templo por uns instantes… e sentiu uma coisa inexplicável naquele dia,… sentiu um calor muito forte a entrar pela cabeça e a ocupar todo o seu corpo… a partir desse dia recebeu o Espírito Santo no seu coração, palavras dele.

Anos mais tarde, falei com ele sobre a Alexandra Solnado, que conversava com Jesus, ao que me respondeu, eu também falo com Ele todos os dias… e pensei, tem razão, todos podemos falar se quisermos.

UMA VIDA…

Foi uma pessoa que nunca teve coragem de contrariar o seu próprio pai, bem sei que os tempos eram outros…, mas apesar de ser bom estudante, quando andava no secundário o pai disse-lhe que já chegava, que precisava dele na loja para ajudar… assim começou a viver uma vida que nunca quis e, disse-me sempre: Nunca queiras trabalhar com o teu pai. Sabia o que era trabalhar com o próprio pai e isso para ele era razão suficiente para aconselhar todos a não o fazerem.

Quando o pai dele partiu, parece que começou a viver de novo, vendeu a loja onde trabalhava com ele, arranjou emprego como vendedor de produtos alimentares de loja em loja, (ainda me lembro das amostras em sacos de plástico, dos vários tipos de feijões), passou pela inauguração da primeira loja Mini-Preço em Lisboa como gerente (onde para reduzir custos, todos os produtos eram expostos nas próprias caixas de cartão, não havia ainda códigos de barras e todos eles tinham de saber os preços de memória… impensável nos dias de hoje) e, finalmente estabeleceu-se por conta própria com negócio de papelaria num dos bairros emblemáticos da cidade de Lisboa, onde também vivia.
Este negócio vendeu-o na altura certa, parece que adivinhava… a partir daí teve mais tempo para médicos, consultas e internamentos em hospitais.

PRIMEIROS EPISÓDIOS RELEVANTES…

Quando eu tinha 6/7 anos, a minha mãe depois de ter abortado, a situação complicou-se e contraiu uma septicémia, passou largo tempo no Hospital de Stª Maria, em Lisboa, e sempre a piorar. Foi caso que durante muitos anos deu que falar no hospital… Houve um dia que a equipa médica chamou o marido e a mãe e preparou-os para o pior e que se esperava acontecer nessa noite… Por alguma razão não aconteceu, acontecendo precisamente o inverso, no dia seguinte todos estavam espantados com o sucedido, minha mãe estava curada… a única coisa que ela se lembra, foi de nessa noite ter ouvido música igual à das igrejas e, perguntar para a enfermeira se também ouvia… os médicos não queriam acreditar, nunca tinham visto coisa semelhante…

Eu não me lembro do episódio, talvez por ter sido muito protegido da situação pela minha avó paterna que cuidou de mim nesse período, mas durante a minha estadia em casa da minha avó Tó (Vitória), também aconteceu algo inexplicável…
Certo dia, apanhando a enorme porta de entrada em madeira aberta, fiz uma coisa de miúdos, coloquei a mão direita no espaço livre e entreaberto, entre as dobradiças e a aduela fixa do vão. Nesse instante, após abertura duma outra porta existente nessa casa, fez corrente de ar e, a porta de entrada bateu e fechou-se com enorme estrondo… e eu com a minha pequena mão lá enfiada… gritei e chorei no momento, fazendo com que minha avó viesse a correr em meu auxílio, abrindo a porta para que pudesse retirar a mão. Nem um arranhão… a minha avó durante dias contou o que se tinha passado, exemplificando com uma folha de papel, (colocando-a no local onde tinha sido entalada a minha mão por largos segundos, que mais pareceram horas), ficando a mesma vincada fortemente nesse local, não arranjando explicação pelo sucedido e por não ter causado nenhuns danos físicos. Tinha sido mais uma obra Dele, tinha a certeza…

Muitos têm sido os casos ocorridos, prova da sua intervenção e cura pela sua presença na nossa família.

INTERNAMENTOS…

Corria o ano de 1995, ele teve de um dia para o outro de ser submetido a cirúrgica cardíaca de urgência. Após anos de terapêutica e forma de vida diferente, o inevitável aconteceu… e de repente. Nem ele teve tempo de se preparar para o momento. Assim começou a sua ligação com os hospitais…

Nesse dia, corri para o hospital e deixaram-me vê-lo nos momentos que precederam a operação… já numa sala de transição, todo ligado a máquinas e tubos… como nunca tinha visto ninguém. Foi a primeira vez que me pediu ajuda, disse: “Pede ao Senhor pelo pai”…, disse-o com os olhos molhados…

Desde esse dia até 2012, foram muitas as visitas e estadias nesses ambientes, tendo sido uma das últimas em 2009. Também aí os médicos não acreditaram que pudesse sobreviver… entrou com um quadro de hérnia inguinal, passou a broncopneumonia, houve uma fase crítica que por vezes não conhecia ninguém, eu cheguei a ser o chefe da polícia…

Passados dias estava a ter alta… e os médicos a olhar…

A última história foi contada aqui neste “bloco de notas” chamado blog. Aconteceu no dia de aniversário da minha mãe, 26 de Agosto. Era dia agendado por todos os filhos e destinado a ir almoçar ao Concelho de Peniche… Pela manhã, na casa de banho, escorregou e partir o braço junto ao ombro… Ficou tudo sem efeito. O resto da história, quem leu, já sabe.

Agora que tudo passou, agradeço ao Céu a possibilidade de ter disfrutado de vários dias nas deslocações ao Hospital de Santana com ele, para as consultas e exames de rotina, após o seu internamento. Não foi operado porque não podia ser sujeito a mais outra anestesia geral, foi imobilizado o braço e teve de andar assim largas semanas. Nos últimos RX que fez, o osso do braço já estava colado, não a 100%, mas era o suficiente para levar a vida normalmente.

Tinha uma consulta, talvez a última, marcada para Janeiro de 2013.

Nunca chegou a ir…

O Céu quis levá-lo para junto da Origem no dia 2 de Dezembro de 2012, dia em que senti a presença dele a despedir-se de mim, precisamente à hora que partiu (soube-o depois no hospital), durante a viagem de Aljezur para Lisboa.

Faz hoje precisamente um ano.

Mais uma coisa, no dia 4 de Dezembro de 2012, na manhã do seu funeral, observei pela janela de minha casa, um arco iris gigantesco e muito luminoso, muito perto e como nunca vi, e quando estava na casa de banho a preparar-me para sair, senti-o a comunicar através de músicas na rádio… na SmoothFM, não sei explicar como e talvez este relato não faça sentido mas…

sábado, 24 de novembro de 2012

Duvidando da existência de Deus...

Retirado do blogue de Paulo Coelho com o título: 

"DUVIDANDO DA EXISTÊNCIA DE DEUS"


"...Um homem foi cortar o cabelo e a barba. Como sempre acontece, ele e o barbeiro ficaram conversando sobre várias coisas, até que – por causa de uma notícia de jornal sobre meninos abandonados – o barbeiro afirmou:
“Como o senhor pode ver, esta tragédia mostra que Deus não existe”.
“Como?”
“O senhor não lê jornais? Temos tanta gente sofrendo, crianças abandonadas, crimes de todo tipo. Se Deus existisse, não haveria sofrimento”.
O cliente ficou pensando, mas o corte estava quase no final, e resolveu não prolongar a conversa. Voltaram a discutir temas mais amenos, o serviço foi terminado, o cliente pagou, e saiu.
Entretanto, a primeira coisa que viu foi um mendigo, com barba de muitos dias, e longos cabelos desgrenhados. Imediatamente, voltou para a barbearia, e falou     para a pessoa que o atendera:
“Sabe de uma coisa? Os barbeiros não existem”.
“Como não existem? Eu estou aqui, e sou barbeiro”.
“Não existem!”, insistiu o homem. “Porque se existissem, não haveria pessoas com barba tão grande, e cabelo tão desgrenhado como o que acabo de ver na esquina”.
“Posso garantir que os barbeiros existem. Acontece que este homem nunca veio até aqui”.
“Exactamente! Então, para responder sua pergunta, Deus também existe. O que passa é que as pessoas não vão até Ele. Se o buscassem, seriam mais solidários, e não haveria tanta miséria no mundo...”
em: http://g1.globo.com/platb/paulocoelho/

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Reflexão... Don't Give up

Talvez seja banal e pouco importante, talvez seja uma verdade em que todos pensam frequentemente e irrelevante mas, tenho pensado por várias vezes que, se é certo que todos nós valorizamos espectos em nós próprios diferentes, a verdade é existirem algumas particularidades que era difícil imaginarmos, conscientemente ou não, ficar sem o todo ou parte delas, assim sendo existem pessoas que dão maior valor à imagem, outras ao vestuário, ao comportamento perante os outros, à destreza física ou manual, à habilidade, à capacidade auditiva, à visão, enfim, tantas coisas que poderia referir… talvez valorizem o que sabem, sentem, ou é melhor nelas ou, apenas saber fazer melhor…
Quantas vezes neste nosso mundo actual dos sms e email’s, enviamos um deles para alguém e, percebe-se que pela reacção, não os leram correctamente, ou seja, quem valoriza a oralidade e o contacto através da voz, pura e simplesmente não “sabe” ler.
Cheguei à “brilhante” conclusão, já há algum tempo, que a minha insatisfação principal prende-se com a fala, com a falta de fluência da dicção… da vontade em muitas vezes querer intervir, para demonstrar o meu ponto de vista e, não o fazer.
(E mais, sempre foi assim desde cedo… O receio de falar nas aulas revelou-se desde a primária, moderou-se na preparatória e intensificou-se no secundário… Sentia-me diferente dos outros, e para mim, para pior.
Era o típico menino da mamã, sempre super protegido, o único a quem a mãe levava o termo com o almoço, na altura da primária, enquanto os outros ou levavam de manhã de casa, ou comiam o que havia na cantina da escola…
Por isso ainda hoje, se bem que esteja muito, muito, muito melhor, seja esquisito para comer…
Gaguejava… e era gozado por essa razão e pelas outras… e essa situação aumentou na preparatória que, para quem não sabe (os mais novos…) eram os anos 5 e 6 da escolaridade e tinham essa designação.
E também é verdade que, quando é assim, criamos auto defesas… a minha foi isolar-me dos restantes colegas e, durante a primária (e depois nos últimos anos do liceu) ter-me tornado o melhor aluno, era sempre eu que dava os exemplos, escrevia no quadro de ardósia sempre que a professora queria exemplificar o que era uma caligrafia acertada e bonita, não dava erros, assistia às palmadas dadas com a enorme régua de madeira nos colegas…, nem sei se os que ainda são vivos ainda têm mãos…
Mas com os anos e o tempo as coisas mudam, nem sempre, para melhor (na nossa perspectiva), mas comigo as coisas mudaram satisfatoriamente e havia alturas que nem me lembrava de algumas minhas “limitações”… e praticamente era uma pessoa “normal”. Criei mecanismos que atenuavam muito a fluidez da voz…
O meu acidente vascular cerebral levou-me atrás, a querer que vivesse tudo de novo….
Ainda me lembro que, num exame oral final no ciclo preparatório, não me recorda a que disciplina, bloqueei e não consegui dizer uma palavra. O professor no final perguntou coisas básicas que qualquer miúdo sabe e, nada… devem ter compreendido o que se estava a passar e fiquei aprovado).
Mas voltando à reflexão que me trouxe aqui, devo ter sido alguém numa outra vida que abusou da capacidade oral em prejuízo de alguém, talvez tenha sido um daqueles políticos muito bem falantes, mas que no final, ou até a meio, apetece pedir para que se cale… falam muito bem, percebe-se tudo lindamente mas, não dizem nada…
Tenho consciência que tudo isto ocorre em consequência da vivência do medo, no receio de na altura própria, não o conseguir fazer… da forma que pensamos ser a mais certa…
Sei que estou a passar por esta experiência simplesmente por que tenho de a viver e, enquanto não a ultrapassar, a vida vai mostrar-me novamente e de repente, como já aconteceu, para que não me esqueça de fazer algo que tenho de fazer, só não sei o quê… e aqui é que reside o problema…
As pessoas com quem falo mais abertamente sobre o problema dizem que, não notam nada de mais, algumas até dizem que não notam qualquer anomalia na minha fala.
É certo que muitos de nós achamo-nos menos do que os outros, pensamos ser menos capazes do que os restantes, mas as capacidades estão dentro de nós, só temos que as procurar…
e
NÃO DESISTIR.





Gostava ainda que vissem e ouvissem a entrevista a Mário Pardo, (principalmente a partir do minuto 47.30), que passou na RTP Memória no passado dia 15. Sempre este dia emblemático… 15…
Curiosa a forma como aborda a vida no geral, e a própria, e como ultrapassou um período em que esteve no fundo de poço emocional, como ele próprio designa. É igualmente marcante o facto de que estive lado a lado com ele por diversas ocasiões, no período de reabilitação num ginásio de Lisboa. O sorriso constante é mesmo real, a alegria que transmite é mesmo verdadeira para quem não o conhece pessoalmente… 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Barco de papel

Hoje dormi a noite toda, coisa que acontece poucas vezes durante o ano... mas acordei cansado, com a sensação de ter dormido pouco...

Estou particularmente triste... e se estou, é para estar...

Comecei o dia de bicicleta, estou a tentar fazer as deslocações sempre que posso de bicicleta, e as segundas feiras são propícias.

Tenho pequeno espaço de trabalho na zona da Ajuda, de onde aproveito para fazer caminhadas e visitar habitualmente a zona de Belém que, é espantosamente bonita e inspiradora. E hoje mais uma vez senti que temos uma cidade linda... com o rio Tejo a tocá-la constantemente, e simultaneamente a nós próprios...

Passei o fim de semana em Lisboa e, tanto o sábado como o domingo, passeei-me pela margem do rio, onde a cidade toca o rio, em Belém, claro.

No sábado assisti ao render da guarda junto ao Monumento dos Combatentes do Ultramar, para quem não conhece é uma peça escultórica geométrica muito bem desenhada situada no meio de um espelho de água, como que rompendo a superfície da água e apontando para o Céu, aparecendo o conjunto envolvido pelas paredes do forte de Belém forradas com muitos nomes de antigos combatentes tombados durante a guerra. Foi a primeira vez que assisti e não sei se foi sempre assim, com som ambiente, talvez para turista ver... e não sei porquê, emocionei-me...

No domingo estive mais uma vez em Belém, desta vez para me encontrar com uma pessoa a quem comprei pintura, mais precisamente uma Mandala... linda... pela qual foi amor à primeira vista.
Estabeleci contacto pela net com o autor, marcámos encontro por sms e com pena minha tivemos pouco tempo para conversar, tudo por causa dum polícia de trânsito que estava a proibir o estacionamento naquela zona... Ficou a promessa de qualquer dia tomarmos um café.
Fica aqui a indicação do blog do José J. Duarte:


Voltando ao dia de hoje, depois de almoçar em pequeno restaurante em frente à Igreja da Memória, (onde na passada sexta feira, no mesmo local, estive lado a lado com Rui Reininho e, fiquei a saber que ele faz canções, não sei se letra e música ou apenas uma delas, para o Paulo Gonzo, que curiosamente sábado, ou seja, apenas um dia depois, a Olinda escreve um texto em que fala dele...), fui até junto do rio, sentei-me num dos pontos de amarração da doca junto ao Padrão dos Descobrimentos, fechei os olhos e senti a vida como um barco de papel...

Um barco de papel na água, por muito boa que seja a qualidade do papel, dura necessariamente pouco... assim como as nossas vidas, ainda que por vezes achemos que nunca mais acaba...
Ía na corrente do rio, a caminho do mar, e com medo do desconhecido lançava cordas para amarrar nas margens do rio, era como se socorresse de várias pessoas que seguravam os cabos, essas pessoas eram importantes para o barco mas, faziam com que o barco não tivesse tempo nem resistência para chegar ao mar, para chegar ao seu destino final...

domingo, 26 de agosto de 2012

Opostos da vida


Hoje é dia feliz e infeliz, comemora-se hoje o aniversário da minha mãe, completa 76 anos e, como é hábito, é dia de almoço em família de pai e mãe com os três filhos.
Há muito que meus pais não saíam de Lisboa, e estavam desde o meio desta semana numa casa perto de Peniche.
Meus pais estavam satisfeitos e felizes, cada um por seus motivos, meu pai por ter conseguido mais uma vez levar o automóvel até lá, minha mãe por gostar muito da zona devido a ter passado muitos anos no local, (tal como nós os filhos) e principalmente por se dar mal com o calor de Lisboa, mas além de todas estas razões, julgo que a mais importante é, terem motivos para comemorar um dia de cada vez…, numa altura que falam quase todos os dias da morte.
Enfim tudo boas razões para nos levar todos no dia de hoje, domingo, à Serra D’ El-Rei…
A meio da manhã, toca o meu telemóvel, “Pai móvel” aparece no ecrã, meu coração dispara, antes de atender respiro fundo, minhas memórias voltam…
Oiço a voz do meu pai com um tom de “bom dia” conhecido…
Diz com a calma do costume que caiu na banheira e partiu a clavícula, que no momento estava no hospital de Peniche à espera de ser transferido para o S. Francisco Xavier para ser submetido a uma cirurgia…, e com ironia diz que talvez seja melhor ficarmos em Lisboa…
E pede-me a mim para ligar às minhas irmãs, a avisar do sucedido.
Diz-se muitas vezes aqui em casa que o meu pai é um sobrevivente, tem passado por muitas situações que obrigam hospitalização, faz colecção de cirurgias, algumas depois das quais os médicos não acreditam como é possível recuperar como recupera… e já coleciona 81 anos.
Qualquer dia escrevo aqui alguns episódios ocorridos com a família, inclusive eu próprio, de acontecimentos dignos de constarem no Guiness Book.
Um domingo de festa comemorado no hospital. Mas a vida é mesmo assim, feita de opostos… um dia bem e outro mal. Sempre na esperança que logo a seguir à tempestade venha a bonança.
Há dias enviaram-me uma fotografia por telemóvel, foi tirada pelo meu tio, irmão da minha mãe, nem eles sabiam que vinha aqui parar… a minha mãe segura nas mãos um desenho que eu fiz quando era miúdo… coisas que só quem a conhece sabe...
 
 

Ainda que seja muito difícil para a minha mãe e o meu pai lerem este texto, não têm internet nem computador, aqui fica:

PARABÉNS MÃE


Actualização:
São agora 22,13h, acabamos de chegar do hospital de Santana, na Parede, onde acabou por ficar após nova transferência do HSFX, e amanhã a equipa médica vai decidir o melhor para ele. Na última cirurgia que fez, em Janeiro de 2009, o médico comentou que ele não resistiria a nova anestesia, devido aos problemas cardíacos que tem... nem o cirurgião sonhava que estava frente a frente com o super-homem em pessoa...

Temos de confiar e entregar o assunto...

Uma coisa é certa, a vista da varanda do quarto é magnífica, tornando-se tranquilizadora e inspiradora...


 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

13 de Agosto


Hoje em dia existem dias para tudo e, hoje é o Dia Internacional do Esquerdino…
Quando liguei o computador foi a notícia que me apareceu primeiro, dessa forma hoje para mim é dia de mais um texto.
Chamam esquerdinos aos canhotos, acho muito mais fácil a palavra canhoto, se bem que a ache um pouco feia, canhoto faz-me lembrar mais um pedaço de árvore que normalmente serve para os fogões a lenha mas…. adiante.
Comemorado a 13 de agosto desde a década de 70, o Dia Internacional do Canhoto foi instituído com o objetivo de desmistificar o uso da mão esquerda para tarefas habitualmente realizadas com a direita. O facto de ser no mês de Agosto e no dia 13 são dois sinais de que antigamente ser canhoto era visto como uma maldição.
Quem me conhece sabe que, desde pequeno que utilizo muito mais o lado esquerdo, do que o direito, que no nosso cérebro corresponde precisamente ao inverso, quem é canhoto utiliza o hemisfério direito e quem não é o esquerdo. Parece lógico e talvez quase ninguém pense nisso, mas é a verdade, é como se duas linhas se cruzassem do cérebro aos pés em forma de X…

Tal acontece porque “todos nós possuímos dois hemisférios no cérebro e muitos canhotos processam a linguagem usando ambos os hemisférios, já o mesmo não ocorre com os destros, que usam principalmente o hemisfério esquerdo”.
“Ser canhoto já não é um problema. Nem socialmente. Eles são bem aceites e no seio das famílias a informação já circula. É uma caraterística como outra qualquer”, cita Ana Dias, pedopsicóloga, no texto da net.
Albert Einstein, Leonardo da Vinci e Beethoven eram canhotos e isso é mencionado hoje com orgulho…

Antes da primária que insistiram comigo para escrever com a mão direita…, coisas desse tempo, felizmente que hoje em dia já não é assim, sinto até que existem cada vez mais canhotos. Nós que durante muito tempo, pensámos que éramos diferentes, cada vez somos mais iguais.
Não abordo a questão do desenho dos utensílios comuns, como talheres de peixe, tesouras, tudo o que não é simétrico, está pensado para ser utilizado por destros, é muito difícil ser utilizado por nós… experimentem utilizar uma tesoura com a mão esquerda e logo veem… a primeira dificuldade prende-se como posicionar os dedos nas tesouras que, fazem com uma argola maior do que a outra, depois é questão do corte, temos que fazer pressão contrária entre os dedos polegar e indicador… mas fazemos recortes muito mais perfeitinhos…. Heheheheheh.
Uma coisa curiosa é que, os utilizadores assíduos da parte esquerda do corpo conseguem identificar imediatamente seres semelhantes, quando na presença deles. Explico: quando estamos na presença de iguais a nós, apercebemo-nos logo com um pequeno gesto deles, como tomar uma nota, beber um café, utilizar um tablet, enfim, apenas por pequenas coisas. E tudo é processado naturalmente, não andamos “à caça” de canhotos.
Bom, esta conversa toda para vos mostrar como sou habilidoso, desde que estou de férias perto da praia do Monte Clérigo, que um projecto totalmente sustentável apareceu no meu cérebro, no hemisfério direito… daí a meter mãos à obra, foi um passo… com o pé esquerdo, claro.
Fazer uma barreira visual no nosso chuveiro ao ar livre…
Foi acabada ontem, bem a tempo de comemorar o dia de hoje…
Custou umas idas à praia… mas como tudo o que acaba bem, valeu a pena. Se não cair, é mais uma obra com projecto assinado por mim, com a mão esquerda, que fica.
Tenho necessariamente que, referir a ajuda preciosa da Margarida a atar as canas, que essa coisa de atar com linhas e fazer nós nunca foi o meu forte…
Ora vejam como ficou...



segunda-feira, 19 de março de 2012

Dia do Pai...

Hoje de manhã, ainda na cama, ouvi o toque dum sms... era do meu filho Francisco. "Acordei" para o dia do Pai... confesso que não me lembrava... 

Fui habituado (educado) em casa dos meus pais a não dar muita importância às épocas festivas, aniversários e datas comemorativas, entre elas o dia do pai, talvez boa parte da razão da minha falta de emotividade passe por aí...
A única data que era verdadeiramente celebrada era o Natal.
 
Já o dia da mãe recordo-me que era celebrado, devido ao facto de ser sempre ao domingo e, como tal, era costume irmos à igreja e no final pediam a todos os filhos que fossem à frente e recolhessem uma rosa para dar às suas mães, vermelha no caso de estarem vivas e brancas no caso de já não estarem entre nós. Tinha sempre muita vergonha de ir à frente recolher a flor vermelha...

Mas quando temos filhos, por muito que não liguemos a estas datas que muitas vezes são apenas comerciais, a coisa muda de figura...
Quantos de nós não guardam objectos e recordações pela vida fora, de "obras de arte" feitas no colégio pelos filhos...

Agradeço ao Céu os filhos que me "deu" e agradeço aos pais, digo pais, porque me refiro ao pai terreno e ao Pai do Universo a possibilidade de viver a alegria de... também eu ser pai.

A todos os pais e filhos deste mundo...