quinta-feira, 26 de maio de 2011

O bem que sabe....

Hoje está um dia diferente do de ontem....

Até parece que estamos num país tropical, num dia, um sol abrasador, mais quente que os melhores dias de verão, e hoje...

A chuva voltou e, a maior parte das pessoas diz que está um dia aborrecido, que até está frio...

Engraçado..., a mim sabe-me bem..., e não é por ter uma rinite alérgica que se manifesta na primavera e sobretudo em dias de muito calor...

É a serenidade que se sente, é a tranquilidade que se respira, é a mudança que anda no ar...

É bom, depois de dias muito quentes e abafados, em que a maioria só pensa em ir para a praia e “curtir” as ondas,  sentir que existe dualidade em tudo o que nos rodeia, inclusivé em nós próprios, faz-nos parar para pensar os dois lados..., a alegria e a tristeza, a abundância e a fome, a serenidade e a conturbação, a paz e a guerra, a riqueza e a pobreza...

E também a Natureza...neste planeta que querem destruir e, que cada vez mais existe quem se oponha. Ainda bem...



terça-feira, 24 de maio de 2011

27 de Dezembro

O que deu origem a este texto, ou melhor, o que originou o desenho que hoje publico, decorre no “longínquo” ano 1983, mais precisamente no dia 27 de Dezembro, data festiva, dia de mais um aniversário da Margarida.

Queria oferecer-lhe algo criativo e único, diferente dos presentes tidos como comuns, e nesse período de análise lembrei-me de contar os dias desde o nosso primeiro encontro até ao dia em nos encontrávamos.

E, reparo que a soma a que cheguei, era um número único, 3210 dias, difícil de se repetir com esta mesma sequência,...eu e a “pancada” dos números...

Daí até à criação do presente em forma de desenho foi um passo...

Este desenho feito a tinta da china e lápis de côr está numa das paredes de nossa casa, em moldura “artesanal” da época e, acho que só duas pessoas conhecem a sua história...é engraçado como um simples desenho contém tanto conteúdo...

E foi a pensar nisso que decidi partilhar com todos quantos acedem ao blog, não é mais do que torná-lo público e assim, simultâneamente, fazer uma homenagem ao nosso amor e a todos os que amam...mesmo que não o verbalizem no dia a dia... é mais uma forma de o eternizar e de ficar por escrito. Tenho a certeza de que a Margarida não se vai importar...até vai ficar feliz.



No desenho aparecem os números 3, 2, 1 e 0 numa composição em perspectiva, em que o número 3 aparece em posição de destaque pela simples razão que namorámos por três vezes.

Os pequenos rectângulos ao centro e na horizontal, não são mais do que os 31 dias do mês. Os que aparecem pintados a verde e vermelho são 22, que também foi um número feliz para nós, se bem que já não me recorde a razão.
Desses 22, começando a contar da esquerda para a direita, aparecem a vermelho e em destaque, o 15º e o 16º, o 15 pelas razões que já tive oportunidade de explicar, e o 16 porque dia seguinte é sempre também um dia diferente.

A composição em sequência repetida e reduzida à esquerda simboliza uma película como se de um filme se tratasse...

Nesta altura ainda não sabíamos o dia em que casaríamos no ano seguinte... Foi no dia 16 de Dezembro...

Este desenho originou um outro presente, meses mais tarde, que foi uma peça em ouro, com a forma de um quadrado, (a ligação dos dois rectângulos a vermelho), que se articulavam, simbolizando a ligação perfeita...que já não é possível mostrá-lo porque foi “retirado” em andamento...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Situações que deixam a sua marca...

Um dia, há talvez 5 ou 6 anos, no regresso de alguns dias passados em Aljezur, recebo a notícia que uma prima, a tal que comemora o aniversário a 15 de Março, tinha tido um AVC e que estava muito mal num hospital da capital...

Não sabia bem o que se tinha passado, nem tão pouco a importância de tal acontecimento...

Não sei bem se, naquele dia, ou no dia seguinte, fomos ao hospital ter com um médico nosso conhecido, que (por acaso)..., presta serviço na Neurologia e, nos deixou ver a Ana fora de horas...eram aproximadamente 22,00h.

À chegada, antes de irmos junto da cama dela, o médico descreveu a situação como muito crítica, que não se sabia qual iria ser o desfecho da situação clínica, que tanto podia melhorar como inclusivé, não sobreviver....

Foi com enorme tristeza que constatei o estado dela quando nos aproximámos, e enquanto a Margarida faláva com ela, eu só pedia ao Céu para a deixarem sobreviver, ela que tinha um filho ainda pequeno na altura..., e coloquei a mão na cabeça dela (ela ainda hoje não se lembra de termos estado lá...) e senti uma corrente energética tão forte...e a minha mão a arder...indescritível, como nunca tinha sentido, e quando saímos o nosso amigo médico disse-nos que aquela noite ía ser decisiva para ela, do que percebi o que ele queria dizer é que se conseguisse passar a noite viva tería alguma hipótese de não partir...

No regresso a casa reparei que no centro da mão esquerda tinha uma marca em forma de mancha vermelha com cerca de 1 cm de diametro, a mão que tinha mantido na nuca dela nos poucos minutos em que lá estivemos... mancha essa que se manteve toda a noite e no dia seguinte desapareceu...

No dia seguinte recebemos a notícia que o estado de saúde dela tinha melhorado de forma significativa, foi o próprio médico que nos disse que nunca tinha visto coisa assim...em tão poucas horas, de um momento para o outro, já tinha recuperado a consciência e assim também já podiam tentar a introdução de um cateter num vaso sanguíneo do cérebro e remover o coágulo, intervenção que não arriscavam enquanto ela estivesse naquele estado e, que se revelou como passo importante para a sua recuperação.

Hoje felizmente está viva, faz uma vida normal, não ficaram sequelas significativas e eu sinto uma alegria imensa por Jesus ter actuado, talvez através de mim,...talvez até tivesse sido um sinal inclusivé para mim...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Humildade

Depois do meu acidente, o que deve suceder com a maioria das pessoas que têm acontecimentos marcantes nas suas vidas, até já me refiro ao antes e ao após, a forma de estar mudou e com ela mudou igualmente o comportamento social.

Passados alguns bons meses, fui lavar o carro ao sítio habitual que, para ver melhor a imagem, convém explicar que não se trata de um local de lavagem comum daqueles que existem nas grandes cidades, este é um local que até tem galinhas e patos que nos vêm cumprimentar..., e onde se apanham tangerinas e nêsperas... (em diferentes ocasiões, claro) enquanto esperamos e, disse Bom Dia como de costume, e fiquei à espera que surgisse um comentário ou uma pergunta para que explicasse a razão de tamanha ausência... e a pergunta não demorou e foi verbalizada duma forma que me deixou perplexo: “...o que é que você tem? Está diferente !!...” e respondi: O que é que nota? Resposta: “...não sei está diferente, está mais humilde...”

E esta hein?.... Eu que até achava que tinha sempre uma postura de humildade na forma de interagir com os outros, na verdade a imagem que passava era diferente...
Eu que estava a fazer um esforço para que não se notasse nada e por falar pouco, o comentário que surgiu foi muito mais simpático que se podia alguma vez esperar...

Na verdade aquele episódio deixou-me a pensar... a forma como os outros nos vêem nem sempre é aquela que julgamos passar.

Os maus (ou bons?) acontecimentos de nossas vidas têm a particularidade de transformar ou talvez sublimar, como que por um toque de Midas, as arestas de nossas passagens aqui neste belo planeta azul...

Não queria deixar passar o dia de hoje sem escrever algo no meu blog, até porque agora como já tenho leitores assíduos, tenho  responsabilidade acrescida....Heheheheheh (hoje acabo a conversa a rir...) até porque desde ontem sinto-me literalmente a levitar, parece que ando a 20cm do chão... Sensação boa.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sózinho...

Esta coisa de escrever para um blog dá imenso prazer, ainda mais quando sabemos que é lido por pessoas que de uma forma ou de outra aqui chegam e, comentam o que leram com muito carinho e emoção. É estimulante...e dá uma força...

Desde pequeno que sempre travei as emoções, quando algo me emocionava controlava ou evitava dar muita atenção para não “sentir” e passava rápidamente à frente, achava eu que assim era a forma de ser mais forte que os outros, em grupo era apontado como um dos mais divertidos, era eu que contava as anedotas mais “picantes” que o resto do grupo não tinha coragem para o fazer, e assim lá ia disfarçando o meu verdadeiro eu e enganando-me a mim próprio.

A verdade é que, com essas minhas habilidades, achava eu, que era assim mais aceite pelos outros e quando me apontavam o dedo e me diziam que não contava nada de mim, porque tinha um jeito especial para ouvir autênticas confissões, eu achava que não tinha nada para contar. E na verdade não, tinha passado toda uma vida a falar e pensar pouco de mim...

Cresci “sózinho” até aos 10 anos, como já tive oportunidade de referir noutro post, altura a partir daí em que nasceram as minhas irmãs, Dalila e Ana, e dos tempos do secundário e do liceu tive colegas dos quais perdi o contacto, lembro-me de apenas dois que se lembram do meu aniversário, que daqui lhes envio forte abraço, mas prova que não tive ligações fortes, e dos tempos de faculdade existem poucos com quem me relaciono, ainda existiram durante alguns anos jantares de curso e nesses dias comparecia sempre que podia com entusiasmo e com uma boa dose de “laracha” para contar...

Nos primeiros anos do liceu lembro-me, talvez fruto do meu modo um pouco apagado e por vezes da “falta de moda” no vestuário, de por vezes gozarem comigo da pouca interacção que fazia com os restantes...era o que hoje se chama de nerd, (só me faltavam os óculos...), quem hoje tem a minha idade e tem filhos na casa dos 20, sabe bem a que me refiro... se bem que conseguisse ultrapassar a questão nos 3 /4 anos finais do liceu, são acontecimentos que marcam.

No final do 7º ano (hoje 11º), estando na área de ciências, todos os meus colegas escolheram seguir os vários ramos de Engenharia e eu, que nunca gostei de seguir multidões, fui o único a fazer agulha, pensei ainda em Escultura, mas depois escolhi definitivamente Arquitectura.

Mais uma vez sózinho, sem conhecer ninguém... a zeros...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Esta vida e os números...

O número 15.

Sempre tive uma paixão por números, sempre gostei muito de matemática, tinha o hábito de ao fazer contas, calcular mental e simultâneamente o resultado de outras formas, para ver se batia certo...

Depois havia aquela coisa dos números na primária que já referi...

Há números que fazem parte da minha, ou da nossa, vida e, o 15 é um deles.

No ano em que fiz 15 anos conheci a Margarida, o Amor da minha vida, (vou tentar mais tarde descrever duma forma simples, o desenrolar do nosso relacionamento), foi num dia 15, claro, em Março no aniversário duma prima minha, mas não acabam aqui as “coincidências”...

Foi igualmente num dia 15 de Setembro de 1985...,  reparem no ano que acaba também em 5, em que iniciámos a terceira fase de namoro e, agora definitivo que deu em casamento um ano mais tarde, não antes sem passar por outro 15 muito festejado entre nós...

Um episódio da minha vida, que marcou esta vida, (o meu A.V.C.) foi precisamente num dia 15, mas aqui acumula “coincidências”: foi no dia e mês de Março em que comemorava mais um ano em que tudo tinha começado...

Não sei se é ligar muito a esta coisa dos números, mas que são muitos 15, lá isso são...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Eu e JESUS

Quando me perguntavam qual era a minha religião, respondia que não tinha, durante parte da adolescência frequentei a escola dominical e algumas igrejas evangélicas com o meu pai e, sentia que passavam alguma mensagem diferente das restantes na época, mas cedo achei que era mais importante a nossa relação íntima com Jesus do que as idas à igreja.

Há uns anos que sei que somos nós que escolhemos os nossos pais, que escolhemos o seio da família, desde aí...entendo.

Sempre achei que a relação do meu pai com Jesus também era diferente da maioria das pessoas. Adorava quando começava uma boa conversa sobre padres e sobre a igreja no seu geral, e o meu pai tinha respostas e argumentos sempre com base no Senhor, como ele sempre diz cada vez que se refere a Ele.

Sempre senti que também a minha relação com Jesus era diferente, não sei bem porquê, mas haviam momentos que precisava de estar a sós com Ele.

Durante alguns anos antes de casar, nas habituais festas de passagem de ano nas garagens dos amigos, alguns minutos antes da meia noite tinha necessidade, não sei se por egoísmo, de a passar sózinho com Ele...
Enquanto todos estavam a festejar com alarido em grande festa, eu afastava-me e refugiava-me em casa, que era ali perto, sózinho no quarto e invariávelmente a chorar...

Depois reaparecia e perante as perguntas do porquê da minha ausência, respondia sem grande consistência...

Agora percebo o porquê desta necessidade.

É a questão da conexão...

Aproveito para juntar uma foto de Salamanca com nome de rua apropriado...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O que mudou a minha vida...

Antes de continuar com os meus pensamentos escritos e as minhas memórias, há uma coisa que é importante dizer, se não fosse um acontecimento marcante na minha vida, não estava agora a escrever estas palavras.

Aconteceu no dia 15 de Março de 2009, Domingo de madrugada a partir da 1,30h, comecei a sentir que havia algo que não estava bem comigo, não conseguia dormir e sentia uma estranha vontade de contar até 10 ou 20 e de não conseguir acompanhar a contagem mesmo em pensamento. Depois sentia que havia algo de anormal no meu braço direito, mas nunca tive qualquer dor...
Disse à Margarida, minha mulher, que não me estava a sentir bem e ela ofereceu-se de imediato para ir comigo ao hospital. Eram já perto das 3.00h e enquanto me vestia para sair senti muito frio, tremia de frio.

Desloquei-me com a Margarida até ao hospital, sempre sem ajuda, e fiquei à espera deitado numa maca até perto das 8,00h, até aí nunca me apercebi verdadeiramente o que se estava a passar, quando mudou o turno e a equipa médica veio perguntar-me o nome e o que eu sentia...é que tive verdadeiramente a noção do problema. A médica deu uma ordem em alta voz: “.....Levem este homem imediatamente para a Unidade de AVC’s!!!!!....”

Infância

Costumo dizer com frequência que não me lembro de muita coisa do período da infância, principalmente do meu relacionamento com as pessoas, e até isso faz com que queira escrever um pouco dessa altura, pode ser que com a tentativa de passar a escrito alguns dos acontecimentos, me leve a relembrar algo...

Do período até aos 6 anos não me lembro da casa onde vivi com os meus pais, sei onde fica porque me disseram, mas do espaço físico, do seu interior, nada...depois mudámo-nos para outra casa e, as memórias que ainda perduram são dessa casa onde ainda hoje os meus pais vivem e que vou lá regularmente.

Confesso que falar nunca foi o meu forte, mesmo entre os mais próximos, desde que me conheço que sempre fui muito introvertido e até envergonhado.

Só consegui libertar-me desse problema lá para os 16, 17 anos.....

Cresci até aos 10 anos sem irmãos, numa família comum e não me lembro de quase nada dessa altura, apenas que era muito tímido, sossegado e pacato.
Era o melhor aluno da escola primária, A Voz do Operário, filial da escola principal, que existia perto da Estrela em Lisboa, ... era o que servia de exemplo aos outros.
Do tempo das reguadas originadas pelos erros dos ditados diários, via os outros a estenderem as mãos alternadamente porque era difícil suportar tantas numa só.
Era sempre o escolhido para demonstrar a caligrafia no quadro de ardósia, e eu lá ia, não sei se com vaidade ou não, mas sinto que não...
Lembro-me dos sorteios que se faziam na primária, já não sei porque razão, que quase sempre acertava nos números antes deles saírem...

Lembro-me das tardes passadas sózinho a brincar com os meus carrinhos no chão da sala, dos jogos com dados que supostamente eram para serem jogados por várias pessoas, mas não fazia mal , era eu e mais uns tantos imaginários a jogarem. Lembro-me do Jogo da Glória, que pertencia ao meu pai e que sempre que ía a casa da avó paterna, pedia para jogar, sózinho...

O meu relacionamento com as artes em geral, revelou-se desde cedo, pois na primária existia uma parceria com alguma entidade ligada ao meio artístico, vejo agora que era um conceito muito inovador para a época, princípios dos anos 60, para termos contacto com várias técnicas com trabalhos manuais, colas, papéis de lustro, tintas, marcadores, plasticinas e barros. Depois de apreciados por uma professora independente, eram seleccionados os que deveriam continuar, o que habitualmente se diz que "têm jeito para a coisa", e então no dia que a actividade se desenrolava numa sala ao lado, era uma alegria. 

São durante esses primeiros anos que a minha avó tem uma importância especial para mim (nós e os avós......), era ela que me fazia a comida preferida, era ela que me dava atenção típica das avós, era para ela que fazia mini esculturas de animais em plasticina, que até hoje não consigo arranjar explicação para o facto de sairem com tanta perfeição, que ela expunha na cozinha. Foi com ela que passei algum tempo quando a minha mãe foi internada no Hospital de Santa Maria, e foi a primeira avó a partir num domingo. Os domingos começaram cedo a fazer parte das "coincidências" desta vida...
Aconteceu de repente...., teve sempre uma saúde débil, foi a primeira vez que vi o meu pai chorar na cozinha de casa dela, depois de ter recebido a notícia, e após uma viagem curta de carro muito mais rápida do que o habitual.
Daquela Avó resta a memória duma vida de dedicação exclusiva aos outros, de uma vida sem viagens ou divertimentos, de uma vida ao lado do marido que trabalhava de manhã à noite, feriados e domingos.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Início do BLOG

É hoje.... Hoje vou passar a escrever regularmente, ou pelo menos tentar.

Uma vez criei um blog que teve história apenas por uns dias...., não tinha que ser sobre esse tema e não tinha de ser nessa altura. Dessa altura fica apenas o nome, que continua a fazer sentido.

Nos últimos tempos aconteceram inúmeras coisas que curiosamente me levam a escrever muito mais do que falar.

Foi a minha filha Rita que há dias me falou num blog da sua terapeuta que entretanto li, e pensei, porque não fazer o mesmo e dar seguimento a uma coisa que já tinha começado.

E para comemorar coloco a foto favorita que me acompanha desde 2003... que lhe chamei "Planeta Azul"...