segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sózinho...

Esta coisa de escrever para um blog dá imenso prazer, ainda mais quando sabemos que é lido por pessoas que de uma forma ou de outra aqui chegam e, comentam o que leram com muito carinho e emoção. É estimulante...e dá uma força...

Desde pequeno que sempre travei as emoções, quando algo me emocionava controlava ou evitava dar muita atenção para não “sentir” e passava rápidamente à frente, achava eu que assim era a forma de ser mais forte que os outros, em grupo era apontado como um dos mais divertidos, era eu que contava as anedotas mais “picantes” que o resto do grupo não tinha coragem para o fazer, e assim lá ia disfarçando o meu verdadeiro eu e enganando-me a mim próprio.

A verdade é que, com essas minhas habilidades, achava eu, que era assim mais aceite pelos outros e quando me apontavam o dedo e me diziam que não contava nada de mim, porque tinha um jeito especial para ouvir autênticas confissões, eu achava que não tinha nada para contar. E na verdade não, tinha passado toda uma vida a falar e pensar pouco de mim...

Cresci “sózinho” até aos 10 anos, como já tive oportunidade de referir noutro post, altura a partir daí em que nasceram as minhas irmãs, Dalila e Ana, e dos tempos do secundário e do liceu tive colegas dos quais perdi o contacto, lembro-me de apenas dois que se lembram do meu aniversário, que daqui lhes envio forte abraço, mas prova que não tive ligações fortes, e dos tempos de faculdade existem poucos com quem me relaciono, ainda existiram durante alguns anos jantares de curso e nesses dias comparecia sempre que podia com entusiasmo e com uma boa dose de “laracha” para contar...

Nos primeiros anos do liceu lembro-me, talvez fruto do meu modo um pouco apagado e por vezes da “falta de moda” no vestuário, de por vezes gozarem comigo da pouca interacção que fazia com os restantes...era o que hoje se chama de nerd, (só me faltavam os óculos...), quem hoje tem a minha idade e tem filhos na casa dos 20, sabe bem a que me refiro... se bem que conseguisse ultrapassar a questão nos 3 /4 anos finais do liceu, são acontecimentos que marcam.

No final do 7º ano (hoje 11º), estando na área de ciências, todos os meus colegas escolheram seguir os vários ramos de Engenharia e eu, que nunca gostei de seguir multidões, fui o único a fazer agulha, pensei ainda em Escultura, mas depois escolhi definitivamente Arquitectura.

Mais uma vez sózinho, sem conhecer ninguém... a zeros...

3 comentários:

Lurdes disse...

Pedro!
Que bonito!
Claro que ficar a Zeros não é fácil! Mas nunca devemos esquecer que não estamos sós...
Antes pelo contrário.
Faz bem rirmos e chorarmos...
Desbloqueia a nossa parte emocional.
Somos o que somos e pronto. Agora vê como é tão bom partilhar estes momentos connosco.
Compreendo perfeitamente porque também já fui assim ( e ás vezes ainda sou)... Só que hoje divirto-me e sinto-me. Que bom esta sua história pôs-me a reflectir sobre tanto ...
Um abraço e obrigada.
Lurdes

Pedro Quitério disse...

O que é realmente bom é sentir estes comentários, ainda por cima de uma pessoa que não conhecemos...
Não existe dúvida que se não fossem alguns acontecimentos da nossa vida, estes contactos não se faziam e não podíamos partilhar vivências e emoções.
Agora choro o que nunca chorei...a toda a hora...
Agradeço ao Céu tudo o que sinto, agradeço a Jesus dar-me esta oportunidade de me "revelar", e agradeço poder pertencer a este grupo de blogers e comentadores dos quais sinto que a Lurdes tem uma presença muito forte e inspiradora, para todos, ou não tivesse J.C. nas suas iniciais...
Agora é a minha vez de dizer:
Obrigado
Abraço forte

Olinda Cristina disse...

Parabéns Pedro! Dá gosto lê-lo!
Beijinhos e abraço.