sábado, 24 de novembro de 2012

Duvidando da existência de Deus...

Retirado do blogue de Paulo Coelho com o título: 

"DUVIDANDO DA EXISTÊNCIA DE DEUS"


"...Um homem foi cortar o cabelo e a barba. Como sempre acontece, ele e o barbeiro ficaram conversando sobre várias coisas, até que – por causa de uma notícia de jornal sobre meninos abandonados – o barbeiro afirmou:
“Como o senhor pode ver, esta tragédia mostra que Deus não existe”.
“Como?”
“O senhor não lê jornais? Temos tanta gente sofrendo, crianças abandonadas, crimes de todo tipo. Se Deus existisse, não haveria sofrimento”.
O cliente ficou pensando, mas o corte estava quase no final, e resolveu não prolongar a conversa. Voltaram a discutir temas mais amenos, o serviço foi terminado, o cliente pagou, e saiu.
Entretanto, a primeira coisa que viu foi um mendigo, com barba de muitos dias, e longos cabelos desgrenhados. Imediatamente, voltou para a barbearia, e falou     para a pessoa que o atendera:
“Sabe de uma coisa? Os barbeiros não existem”.
“Como não existem? Eu estou aqui, e sou barbeiro”.
“Não existem!”, insistiu o homem. “Porque se existissem, não haveria pessoas com barba tão grande, e cabelo tão desgrenhado como o que acabo de ver na esquina”.
“Posso garantir que os barbeiros existem. Acontece que este homem nunca veio até aqui”.
“Exactamente! Então, para responder sua pergunta, Deus também existe. O que passa é que as pessoas não vão até Ele. Se o buscassem, seriam mais solidários, e não haveria tanta miséria no mundo...”
em: http://g1.globo.com/platb/paulocoelho/

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Reflexão... Don't Give up

Talvez seja banal e pouco importante, talvez seja uma verdade em que todos pensam frequentemente e irrelevante mas, tenho pensado por várias vezes que, se é certo que todos nós valorizamos espectos em nós próprios diferentes, a verdade é existirem algumas particularidades que era difícil imaginarmos, conscientemente ou não, ficar sem o todo ou parte delas, assim sendo existem pessoas que dão maior valor à imagem, outras ao vestuário, ao comportamento perante os outros, à destreza física ou manual, à habilidade, à capacidade auditiva, à visão, enfim, tantas coisas que poderia referir… talvez valorizem o que sabem, sentem, ou é melhor nelas ou, apenas saber fazer melhor…
Quantas vezes neste nosso mundo actual dos sms e email’s, enviamos um deles para alguém e, percebe-se que pela reacção, não os leram correctamente, ou seja, quem valoriza a oralidade e o contacto através da voz, pura e simplesmente não “sabe” ler.
Cheguei à “brilhante” conclusão, já há algum tempo, que a minha insatisfação principal prende-se com a fala, com a falta de fluência da dicção… da vontade em muitas vezes querer intervir, para demonstrar o meu ponto de vista e, não o fazer.
(E mais, sempre foi assim desde cedo… O receio de falar nas aulas revelou-se desde a primária, moderou-se na preparatória e intensificou-se no secundário… Sentia-me diferente dos outros, e para mim, para pior.
Era o típico menino da mamã, sempre super protegido, o único a quem a mãe levava o termo com o almoço, na altura da primária, enquanto os outros ou levavam de manhã de casa, ou comiam o que havia na cantina da escola…
Por isso ainda hoje, se bem que esteja muito, muito, muito melhor, seja esquisito para comer…
Gaguejava… e era gozado por essa razão e pelas outras… e essa situação aumentou na preparatória que, para quem não sabe (os mais novos…) eram os anos 5 e 6 da escolaridade e tinham essa designação.
E também é verdade que, quando é assim, criamos auto defesas… a minha foi isolar-me dos restantes colegas e, durante a primária (e depois nos últimos anos do liceu) ter-me tornado o melhor aluno, era sempre eu que dava os exemplos, escrevia no quadro de ardósia sempre que a professora queria exemplificar o que era uma caligrafia acertada e bonita, não dava erros, assistia às palmadas dadas com a enorme régua de madeira nos colegas…, nem sei se os que ainda são vivos ainda têm mãos…
Mas com os anos e o tempo as coisas mudam, nem sempre, para melhor (na nossa perspectiva), mas comigo as coisas mudaram satisfatoriamente e havia alturas que nem me lembrava de algumas minhas “limitações”… e praticamente era uma pessoa “normal”. Criei mecanismos que atenuavam muito a fluidez da voz…
O meu acidente vascular cerebral levou-me atrás, a querer que vivesse tudo de novo….
Ainda me lembro que, num exame oral final no ciclo preparatório, não me recorda a que disciplina, bloqueei e não consegui dizer uma palavra. O professor no final perguntou coisas básicas que qualquer miúdo sabe e, nada… devem ter compreendido o que se estava a passar e fiquei aprovado).
Mas voltando à reflexão que me trouxe aqui, devo ter sido alguém numa outra vida que abusou da capacidade oral em prejuízo de alguém, talvez tenha sido um daqueles políticos muito bem falantes, mas que no final, ou até a meio, apetece pedir para que se cale… falam muito bem, percebe-se tudo lindamente mas, não dizem nada…
Tenho consciência que tudo isto ocorre em consequência da vivência do medo, no receio de na altura própria, não o conseguir fazer… da forma que pensamos ser a mais certa…
Sei que estou a passar por esta experiência simplesmente por que tenho de a viver e, enquanto não a ultrapassar, a vida vai mostrar-me novamente e de repente, como já aconteceu, para que não me esqueça de fazer algo que tenho de fazer, só não sei o quê… e aqui é que reside o problema…
As pessoas com quem falo mais abertamente sobre o problema dizem que, não notam nada de mais, algumas até dizem que não notam qualquer anomalia na minha fala.
É certo que muitos de nós achamo-nos menos do que os outros, pensamos ser menos capazes do que os restantes, mas as capacidades estão dentro de nós, só temos que as procurar…
e
NÃO DESISTIR.





Gostava ainda que vissem e ouvissem a entrevista a Mário Pardo, (principalmente a partir do minuto 47.30), que passou na RTP Memória no passado dia 15. Sempre este dia emblemático… 15…
Curiosa a forma como aborda a vida no geral, e a própria, e como ultrapassou um período em que esteve no fundo de poço emocional, como ele próprio designa. É igualmente marcante o facto de que estive lado a lado com ele por diversas ocasiões, no período de reabilitação num ginásio de Lisboa. O sorriso constante é mesmo real, a alegria que transmite é mesmo verdadeira para quem não o conhece pessoalmente… 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Barco de papel

Hoje dormi a noite toda, coisa que acontece poucas vezes durante o ano... mas acordei cansado, com a sensação de ter dormido pouco...

Estou particularmente triste... e se estou, é para estar...

Comecei o dia de bicicleta, estou a tentar fazer as deslocações sempre que posso de bicicleta, e as segundas feiras são propícias.

Tenho pequeno espaço de trabalho na zona da Ajuda, de onde aproveito para fazer caminhadas e visitar habitualmente a zona de Belém que, é espantosamente bonita e inspiradora. E hoje mais uma vez senti que temos uma cidade linda... com o rio Tejo a tocá-la constantemente, e simultaneamente a nós próprios...

Passei o fim de semana em Lisboa e, tanto o sábado como o domingo, passeei-me pela margem do rio, onde a cidade toca o rio, em Belém, claro.

No sábado assisti ao render da guarda junto ao Monumento dos Combatentes do Ultramar, para quem não conhece é uma peça escultórica geométrica muito bem desenhada situada no meio de um espelho de água, como que rompendo a superfície da água e apontando para o Céu, aparecendo o conjunto envolvido pelas paredes do forte de Belém forradas com muitos nomes de antigos combatentes tombados durante a guerra. Foi a primeira vez que assisti e não sei se foi sempre assim, com som ambiente, talvez para turista ver... e não sei porquê, emocionei-me...

No domingo estive mais uma vez em Belém, desta vez para me encontrar com uma pessoa a quem comprei pintura, mais precisamente uma Mandala... linda... pela qual foi amor à primeira vista.
Estabeleci contacto pela net com o autor, marcámos encontro por sms e com pena minha tivemos pouco tempo para conversar, tudo por causa dum polícia de trânsito que estava a proibir o estacionamento naquela zona... Ficou a promessa de qualquer dia tomarmos um café.
Fica aqui a indicação do blog do José J. Duarte:


Voltando ao dia de hoje, depois de almoçar em pequeno restaurante em frente à Igreja da Memória, (onde na passada sexta feira, no mesmo local, estive lado a lado com Rui Reininho e, fiquei a saber que ele faz canções, não sei se letra e música ou apenas uma delas, para o Paulo Gonzo, que curiosamente sábado, ou seja, apenas um dia depois, a Olinda escreve um texto em que fala dele...), fui até junto do rio, sentei-me num dos pontos de amarração da doca junto ao Padrão dos Descobrimentos, fechei os olhos e senti a vida como um barco de papel...

Um barco de papel na água, por muito boa que seja a qualidade do papel, dura necessariamente pouco... assim como as nossas vidas, ainda que por vezes achemos que nunca mais acaba...
Ía na corrente do rio, a caminho do mar, e com medo do desconhecido lançava cordas para amarrar nas margens do rio, era como se socorresse de várias pessoas que seguravam os cabos, essas pessoas eram importantes para o barco mas, faziam com que o barco não tivesse tempo nem resistência para chegar ao mar, para chegar ao seu destino final...

domingo, 26 de agosto de 2012

Opostos da vida


Hoje é dia feliz e infeliz, comemora-se hoje o aniversário da minha mãe, completa 76 anos e, como é hábito, é dia de almoço em família de pai e mãe com os três filhos.
Há muito que meus pais não saíam de Lisboa, e estavam desde o meio desta semana numa casa perto de Peniche.
Meus pais estavam satisfeitos e felizes, cada um por seus motivos, meu pai por ter conseguido mais uma vez levar o automóvel até lá, minha mãe por gostar muito da zona devido a ter passado muitos anos no local, (tal como nós os filhos) e principalmente por se dar mal com o calor de Lisboa, mas além de todas estas razões, julgo que a mais importante é, terem motivos para comemorar um dia de cada vez…, numa altura que falam quase todos os dias da morte.
Enfim tudo boas razões para nos levar todos no dia de hoje, domingo, à Serra D’ El-Rei…
A meio da manhã, toca o meu telemóvel, “Pai móvel” aparece no ecrã, meu coração dispara, antes de atender respiro fundo, minhas memórias voltam…
Oiço a voz do meu pai com um tom de “bom dia” conhecido…
Diz com a calma do costume que caiu na banheira e partiu a clavícula, que no momento estava no hospital de Peniche à espera de ser transferido para o S. Francisco Xavier para ser submetido a uma cirurgia…, e com ironia diz que talvez seja melhor ficarmos em Lisboa…
E pede-me a mim para ligar às minhas irmãs, a avisar do sucedido.
Diz-se muitas vezes aqui em casa que o meu pai é um sobrevivente, tem passado por muitas situações que obrigam hospitalização, faz colecção de cirurgias, algumas depois das quais os médicos não acreditam como é possível recuperar como recupera… e já coleciona 81 anos.
Qualquer dia escrevo aqui alguns episódios ocorridos com a família, inclusive eu próprio, de acontecimentos dignos de constarem no Guiness Book.
Um domingo de festa comemorado no hospital. Mas a vida é mesmo assim, feita de opostos… um dia bem e outro mal. Sempre na esperança que logo a seguir à tempestade venha a bonança.
Há dias enviaram-me uma fotografia por telemóvel, foi tirada pelo meu tio, irmão da minha mãe, nem eles sabiam que vinha aqui parar… a minha mãe segura nas mãos um desenho que eu fiz quando era miúdo… coisas que só quem a conhece sabe...
 
 

Ainda que seja muito difícil para a minha mãe e o meu pai lerem este texto, não têm internet nem computador, aqui fica:

PARABÉNS MÃE


Actualização:
São agora 22,13h, acabamos de chegar do hospital de Santana, na Parede, onde acabou por ficar após nova transferência do HSFX, e amanhã a equipa médica vai decidir o melhor para ele. Na última cirurgia que fez, em Janeiro de 2009, o médico comentou que ele não resistiria a nova anestesia, devido aos problemas cardíacos que tem... nem o cirurgião sonhava que estava frente a frente com o super-homem em pessoa...

Temos de confiar e entregar o assunto...

Uma coisa é certa, a vista da varanda do quarto é magnífica, tornando-se tranquilizadora e inspiradora...


 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

13 de Agosto


Hoje em dia existem dias para tudo e, hoje é o Dia Internacional do Esquerdino…
Quando liguei o computador foi a notícia que me apareceu primeiro, dessa forma hoje para mim é dia de mais um texto.
Chamam esquerdinos aos canhotos, acho muito mais fácil a palavra canhoto, se bem que a ache um pouco feia, canhoto faz-me lembrar mais um pedaço de árvore que normalmente serve para os fogões a lenha mas…. adiante.
Comemorado a 13 de agosto desde a década de 70, o Dia Internacional do Canhoto foi instituído com o objetivo de desmistificar o uso da mão esquerda para tarefas habitualmente realizadas com a direita. O facto de ser no mês de Agosto e no dia 13 são dois sinais de que antigamente ser canhoto era visto como uma maldição.
Quem me conhece sabe que, desde pequeno que utilizo muito mais o lado esquerdo, do que o direito, que no nosso cérebro corresponde precisamente ao inverso, quem é canhoto utiliza o hemisfério direito e quem não é o esquerdo. Parece lógico e talvez quase ninguém pense nisso, mas é a verdade, é como se duas linhas se cruzassem do cérebro aos pés em forma de X…

Tal acontece porque “todos nós possuímos dois hemisférios no cérebro e muitos canhotos processam a linguagem usando ambos os hemisférios, já o mesmo não ocorre com os destros, que usam principalmente o hemisfério esquerdo”.
“Ser canhoto já não é um problema. Nem socialmente. Eles são bem aceites e no seio das famílias a informação já circula. É uma caraterística como outra qualquer”, cita Ana Dias, pedopsicóloga, no texto da net.
Albert Einstein, Leonardo da Vinci e Beethoven eram canhotos e isso é mencionado hoje com orgulho…

Antes da primária que insistiram comigo para escrever com a mão direita…, coisas desse tempo, felizmente que hoje em dia já não é assim, sinto até que existem cada vez mais canhotos. Nós que durante muito tempo, pensámos que éramos diferentes, cada vez somos mais iguais.
Não abordo a questão do desenho dos utensílios comuns, como talheres de peixe, tesouras, tudo o que não é simétrico, está pensado para ser utilizado por destros, é muito difícil ser utilizado por nós… experimentem utilizar uma tesoura com a mão esquerda e logo veem… a primeira dificuldade prende-se como posicionar os dedos nas tesouras que, fazem com uma argola maior do que a outra, depois é questão do corte, temos que fazer pressão contrária entre os dedos polegar e indicador… mas fazemos recortes muito mais perfeitinhos…. Heheheheheh.
Uma coisa curiosa é que, os utilizadores assíduos da parte esquerda do corpo conseguem identificar imediatamente seres semelhantes, quando na presença deles. Explico: quando estamos na presença de iguais a nós, apercebemo-nos logo com um pequeno gesto deles, como tomar uma nota, beber um café, utilizar um tablet, enfim, apenas por pequenas coisas. E tudo é processado naturalmente, não andamos “à caça” de canhotos.
Bom, esta conversa toda para vos mostrar como sou habilidoso, desde que estou de férias perto da praia do Monte Clérigo, que um projecto totalmente sustentável apareceu no meu cérebro, no hemisfério direito… daí a meter mãos à obra, foi um passo… com o pé esquerdo, claro.
Fazer uma barreira visual no nosso chuveiro ao ar livre…
Foi acabada ontem, bem a tempo de comemorar o dia de hoje…
Custou umas idas à praia… mas como tudo o que acaba bem, valeu a pena. Se não cair, é mais uma obra com projecto assinado por mim, com a mão esquerda, que fica.
Tenho necessariamente que, referir a ajuda preciosa da Margarida a atar as canas, que essa coisa de atar com linhas e fazer nós nunca foi o meu forte…
Ora vejam como ficou...



segunda-feira, 19 de março de 2012

Dia do Pai...

Hoje de manhã, ainda na cama, ouvi o toque dum sms... era do meu filho Francisco. "Acordei" para o dia do Pai... confesso que não me lembrava... 

Fui habituado (educado) em casa dos meus pais a não dar muita importância às épocas festivas, aniversários e datas comemorativas, entre elas o dia do pai, talvez boa parte da razão da minha falta de emotividade passe por aí...
A única data que era verdadeiramente celebrada era o Natal.
 
Já o dia da mãe recordo-me que era celebrado, devido ao facto de ser sempre ao domingo e, como tal, era costume irmos à igreja e no final pediam a todos os filhos que fossem à frente e recolhessem uma rosa para dar às suas mães, vermelha no caso de estarem vivas e brancas no caso de já não estarem entre nós. Tinha sempre muita vergonha de ir à frente recolher a flor vermelha...

Mas quando temos filhos, por muito que não liguemos a estas datas que muitas vezes são apenas comerciais, a coisa muda de figura...
Quantos de nós não guardam objectos e recordações pela vida fora, de "obras de arte" feitas no colégio pelos filhos...

Agradeço ao Céu os filhos que me "deu" e agradeço aos pais, digo pais, porque me refiro ao pai terreno e ao Pai do Universo a possibilidade de viver a alegria de... também eu ser pai.

A todos os pais e filhos deste mundo...


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Aqui há gato(a)...

Há dias numa ida com a Rita ao osteopata aconteceu uma situação curiosa...

Existe uma gata que já faz parte da “mobília” sempre na sala de espera, debaixo da secretária de madeira.

Logo a seguir à nossa entrada e depois da Rita ter sido chamada, entrou um casal, já com idade de serem aposentados, e tiveram uma atitude com a gata de quem é assíduo e mais do que isso, de quem é íntimo da mesma...

Depois de muitas festas e chamamentos, a gata nada...
Trocavam palavras entre os dois de desânimo, do facto do animal completamente os estar a ignorar...

E eu, perante tal situação, começo a tentar interagir mentalmente com a gata... Olhos nos olhos... até imaginei um diálogo com ela...

Passado pouco tempo, já eu tinha pegado numa revista, daquelas muito cor de rosa, que só se pega nestes momentos, e de repente qual não é o meu espanto, até quase de susto, vejo aquele animal de cor e pêlo dourado, espreitar entre a revista e as minhas pernas. Pouso a revista no lugar onde a encontrei e, ela salta de imediato para o meu colo...

Comenta o casal assistindo a toda aquele movimento: Tem gatos?

Pergunta à qual respondo que não..., nunca tive..., nem cão, nem gato...

Estranho, comentam eles, e rematam com a seguinte afirmação: Ela nunca vai para pessoas desconhecidas, a não ser que lhe cheire a animais semelhantes...

Entretanto a gata, da qual não sei o nome, já estava toda enroscada sobre a minha perna esquerda... e eu com a mão pousada nela, sentindo um relacionamento forte...
Daí a pouco tempo, o osteopata vem à sala buscar uma folha, talvez a ficha da Rita, e o casal interpela-o e comenta:
Já viu? A sua princesa no colo daquele senhor... e ele, com uma cara de espanto, responde com uma pergunta: Oh! Sr. Quitério, tem gatos?
Não...
Nunca teve? Estranho. Não é habitual...

Passaram-se quase trinta minutos... quando retirava a mão de cima dela, de imediato virava a cabeça e olhava para mim, como que a pedir para continuar...

Até que a Rita apareceu e não queria acreditar na imagem que viu, fez ar de espanto, ela que conhece a minha relação com gatos e gatas....

Tinha de me levantar, não sabia como, não sabia como a gata ía reagir... afinal o meu relacionamento com pequenos felinos estava a começar... Ou não. Mas foi só fazer o movimento, e voltou para o lugar de onde tinha partido. Para debaixo da secretária...

Soube no final, que tinha sido submetida a pequena intervenção cirúrgica, tinha pêlo rapado na zona da barriga.

Será que ela recebeu a energia que estava a precisar?... Sempre foi essa a sensação que intuí, desde o momento que saltou para o meu colo.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Hoje é para rir...

Não resisto em publicar um texto que me deu imenso gozo a escrever... e a rir.

A escrita também é importante para desdramatizar muitas situações que acontecem no dia a dia...


Diálogo entre médico e paciente:
   
- Boa tarde, como tem passado?

- Bem.

- Então nunca mais teve nenhum episódio parecido?

- Não. Nunca mais.
(colocando o saco com todos os exames que levava por cima da secretária...)

- Ahhh. Trouxe os exames...!!!! (mostrando alguma admiração...)
  Então e o trabalho? Já está em força?

- Trabalho, agora há pouco...

- Mas da última vez que esteve cá não disse que já tinha recomeçado a trabalhar?...
  (abrindo o saco e começando a ver os resultados...)

- E estou..., mas há pouco... trabalho.

- Ahhh... pensava que me tinha dito que trabalhava há pouco tempo...
O que é que sente que ainda não está bem?...

- Basicamente é a fala, mas julgo que estou melhor...

- Está melhor, está... mas percebe tudo o que lê e não tem dificuldades em querer dizer palavras que não lhe aparecem, não é?... E a escrever?

- Por acaso escrevo muito mais agora...

(Continuando a ver os resultados e a escrever no computador... pergunta:)
- Ahh, já abriu todos os envelopes... (com um olhar de aspecto correctivo e intimidatório...)
  Não sei se já lhe falei nisto ou não,... alguma vez lhe falei que devia fazer um exame psicológico?

- Já fiz durante o período em que estive internado e já o mostrei, por acaso hoje não o trago comigo...

- Ah, não faz mal. Se fez, tudo bem...
(continuando entretido a tomar notas...)

Pressinto que da próxima vez pergunte tudo de novo...

- Não era costume vir com a sua mulher?

- Era. Mas desta vez ela quis que viesse sozinho...

- Não quis é vir consigo! (sorrindo...)
  Tem uma filha, não tem? Ela também costumava vir consigo às consultas, não era?

- Não, nunca veio... Por acaso tenho dois filhos, um rapaz e uma rapariga...

- Que idade é que eles têm?

- Ele tem 21 e ela 23.

- Ah, ela é a mais velha !
e chegando ao fim de todos os exames, diz:
  Por aqui está tudo normal. Continuamos a não se saber porque é que  aconteceu...

- Tinha que ser... (pausa) e perante ausência de resposta da parte do médico, comento: ...parece que existe aí um valor que está um pouco elevado...

- Pois, é verdade. Talvez seja qualquer coisa relacionada com o que está a tomar... O que é que está a tomar?

- O que me receitou... (não sabendo muito bem o que dizer...)

Depois de citar os dois medicamentos que tinha originalmente prescrito, pergunta:
- Como é que tem feito com a compra dos medicamentos? Não tinha receita para eles, pois não....?

- Não. A última consulta foi em Dezembro de 2010...!!! Mas um deles é muito barato e o outro aproveito o facto da minha mulher estar a tomar o mesmo e... parto o comprimido ao meio.

- Quanto é custa?

- Cerca de 2 euros.

Ahh, parte ao meio... (novamente com o sorrido malandreco...), mas assim não toma a dose certa.

- Não...? Então parto-o ao meio... ela toma de 20mg e eu tomo 10mg... metade de vinte é dez... (Sorrindo, mas pensando ao mesmo tempo não estar a proceder bem...)

- Ah é 10mg? Então está bem...

Chegando perto do fim da consulta, diz que vai marcar nova data e pergunta se em Dezembro está bem.

- Segunda ou quinta?

- Qualquer dia para mim está bem e pode ser a esta hora...

- Então fica para 20 Dezembro.

- Nunca que sabe..., esta foi adiada uma vez e a anterior foi duas ou três vezes...

- Ás vezes acontece (sorrindo de novo)... Mas desta vez não falha, é mesmo em Dezembro.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sincronismos

A mensagem de luz desta semana, recebida ontem, tem o título "Uma porta fechada"...

Ontem na minha leitura habitual, parei num capítulo em que fala precisamente nas portas, nas diversas portas que temos de atravessar ao longo das nossas vidas, daquelas que não se abrem quando nós queremos, e não se abrem simplesmente porque não é por aí, ou não é o momento certo.

Mais um sincronismo...

Amanhã é dia de consulta de neurologia de rotina, a última foi em Dezembro de 2010, e esta era para ter sido o ano passado mas, como tem sido decorrente, recebi duas ou três cartas a comunicar sucessivamente o seu adiamento.

Em Dezembro quando estive nessa consulta, prometi a mim mesmo que não voltava lá, não é por nada... mas é uma consulta de hospital... e não só, a minha empatia com o médico tenho que admitir que foi pouca, mas continuando..., prescreveu alguns exames e análises da praxe e este mês resolvi fazer as ecografias sugeridas pelo médico, tendo deixado as análises para a última hora.

Em casa disse que talvez fosse à consulta mas, levaria o que tinha e teria que dizer que enviava os resultados por email directamente para o médico, uma vez que ainda não as tinha feito...
Era a minha forma de demonstrar o desinteresse pela consulta e pelo médico...

Decidi hoje fazer a recolha de sangue para as ditas análises, a funcionária do laboratório olhou para o papel e viu que tinha a data de Dez.2010 e franziu a cara, sinal que me ía dizer que aquele papel já não servia...
Porém, levantou-se, procurava qualquer coisa, que entretanto a minha intuição adivinhou tratar-se de um corrector e, passou-o na data e disse: Pronto já está!! Sabe que com esta data de 2010 ninguém aceitava este documento...

Mesmo assim sempre podia perante o médico responder-lhe, quando me perguntasse pelos resultados do sangue e urina, que não os tinha...

Depois de sujeitar-me à "maldade" da agulha, como a técnica lhe chamou, disseram-me que os resultados estavam prontos no dia 1 de Fevereiro e perguntaram-me se poderiam enviar para um email, pergunta à qual respondi que sim.

E não é que acabo de recebê-los há pouco mais de meia hora..... os extensos resultados entregues no mesmo dia... Será normal?...

É ou não um sinal para que vá visitar o meu "amigo" médico?

Ah, devo dizer que os resultados de todos os exames e análises parecem estar bem...dentro dos parâmetros tidos como normais.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Leituras

Nunca fui muito de ler…
Acho que me aborrecia, não sei…
Já li mais livros nos últimos 3 – 4 anos, do que nos anos precedentes… Talvez seja uma surpresa para quem me lê, mas penso que é a verdade…

Nunca gostei da disciplina de português… era aí que tirava sempre as piores notas…
Lembro-me de uma vez no liceu quando a professora leu os meus pensamentos e, pediu-me para ler qualquer coisa em voz alta e lhe respondi que não gostava de o fazer…, e penso que mantive a minha vontade até ao fim, escusado é dizer que nesse período tive negativa a português…

Uma coisa está a mudar… hoje gosto muito de ler e, como sabem até gosto de escrever…

Recordo que gostava de ver a minha letra, sou de uma geração que a caligrafia tinha muita importância para os professores, sobretudo na primária, julgo que aqui já relatei as minhas idas ao quadro de ardósia para, com o giz, dar o exemplo perante os restantes colegas de turma de o que era uma caligrafia perfeita…
Nos tempos de troca de correspondência, a maior parte dela no verão, entre amigos e amigas, gostava muito de enviar e receber cartas e postais.

Passaram tão poucos anos e como tudo mudou… hoje em dia comunica-se através de emails, do facebook e sms. Tanta coisa mudou…

Um dia, estava sempre a tentar inovar…, reparei que era com facilidade que conseguia escrever com a mão esquerda da direita para a esquerda, tipo árabe, ou seja, só dava para ler colocando um espelho à frente… Lembro-me das primeiras cartas que escrevi assim, provocando alguma estranheza a quem as recebia e só passado algum tempo é que lá descobriam a forma de as conseguir ler…

O meu lado dominante sempre foi o esquerdo, só para escrever é que utilizo a mão direita e, para fazer a minha assinatura que tinha que ser através de forma rápida, como a minha mão direita está um pouco preguiçosa, a forma que resolvi de contornar a questão, para não ter medo de assinar sempre que era preciso, foi simples… lembrei-me de voltar a uma habilidade que já quase não me lembrava… Hoje em dia não assino nome completo como fazia, faço uma réplica tipo espelho, da direita para a esquerda, de uma rubrica que pouco utilizava, isto para não demorar muito e as pessoas não repararem na forma pouco usual de escrever… e na verdade ainda não houve ninguém que reparasse. A vantagem: penso que ninguém consegue falsificar a minha assinatura, penso que é impossível para alguém que escreva normalmente, da esquerda para a direita.

Mas não era aqui que queria chegar.
Era à questão da leitura e, o pensamento é o seguinte:
Já sabemos que tudo o que acontece tem um momento, uma hora, tudo é mágico (como já li…) e, tenho-me apercebido que até na leitura isso se constata.
Tudo o que se lê, a sequência das leituras, sejam elas livros ou qualquer outra fonte, mas principalmente os livros, os capítulos que se deixam para os dias seguintes, parecem que foram feitos para serem lidos naquela hora, naqueles momentos…
Há dois dias comecei a leitura de um livro de Roberto Leal…, de nome António Joaquim Fernandes, sétimo filho entre dez, filho do Sr. Avelino, não menos importante… tem uma história de vida interessantíssima…
Desde muito novo teve o sonho de cantar e, o nome artístico foi-lhe sugerido por professor de música e aceite por ele, Roberto em homenagem a Roberto Carlos, e Leal simplesmente pela postura muito leal perante a vida e os outros.
Simples, como ele…
Desde muito novo começou a reparar que existiam regras ou ensinamentos a que ele chama simplesmente regras de ouro… passo a citar algumas:

“O único adversário que temos, somos nós mesmos”,
“Saiba com certeza o que deseja, e o Universo conspirará a seu favor”,
“A vida devolve exactamente aquilo que você lhe der”,
“Ouça sempre o seu Eu maior, a sua voz interior”,
“Ouvir sempre o coração”

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Em 1981

Há dias descobri o blog de Paulo Coelho...

Certa vez, no inverno de 1981, eu caminhava com minha mulher pelas ruas de Praga, quando vimos um rapaz desenhando os prédios a sua volta.

Embora eu tenha verdadeiro horror de carregar coisas enquanto viajo (e havia ainda muita viagem pela frente), gostei de um dos desenhos e resolvi comprá-lo.

Quando estendi o dinheiro, reparei que o rapaz estava sem luvas – apesar do frio de 5 graus negativos.

“Por que você não usa luvas?” perguntei.

“Para poder segurar o lápis”. E começou a me contar que adorava Praga no inverno, era a melhor estação para desenhar a cidade. Ficou tão contente com a compra, que resolveu fazer um retrato de minha mulher, sem cobrar nada.

Enquanto eu esperava o desenho ficar pronto, me dei conta que algo muito estranho acontecera: havíamos conversado quase cinco minutos, sem que um soubesse falar a língua do outro. Nos entendemos apenas com gestos, risos, expressões faciais, e vontade de compartilhar alguma coisa.

A simples vontade de dividir algo fez com que conseguíssemos entrar no mundo da linguagem sem palavras, onde tudo é sempre claro, e não existe o menor risco de ser mal interpretado.