quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Hoje é para rir...

Não resisto em publicar um texto que me deu imenso gozo a escrever... e a rir.

A escrita também é importante para desdramatizar muitas situações que acontecem no dia a dia...


Diálogo entre médico e paciente:
   
- Boa tarde, como tem passado?

- Bem.

- Então nunca mais teve nenhum episódio parecido?

- Não. Nunca mais.
(colocando o saco com todos os exames que levava por cima da secretária...)

- Ahhh. Trouxe os exames...!!!! (mostrando alguma admiração...)
  Então e o trabalho? Já está em força?

- Trabalho, agora há pouco...

- Mas da última vez que esteve cá não disse que já tinha recomeçado a trabalhar?...
  (abrindo o saco e começando a ver os resultados...)

- E estou..., mas há pouco... trabalho.

- Ahhh... pensava que me tinha dito que trabalhava há pouco tempo...
O que é que sente que ainda não está bem?...

- Basicamente é a fala, mas julgo que estou melhor...

- Está melhor, está... mas percebe tudo o que lê e não tem dificuldades em querer dizer palavras que não lhe aparecem, não é?... E a escrever?

- Por acaso escrevo muito mais agora...

(Continuando a ver os resultados e a escrever no computador... pergunta:)
- Ahh, já abriu todos os envelopes... (com um olhar de aspecto correctivo e intimidatório...)
  Não sei se já lhe falei nisto ou não,... alguma vez lhe falei que devia fazer um exame psicológico?

- Já fiz durante o período em que estive internado e já o mostrei, por acaso hoje não o trago comigo...

- Ah, não faz mal. Se fez, tudo bem...
(continuando entretido a tomar notas...)

Pressinto que da próxima vez pergunte tudo de novo...

- Não era costume vir com a sua mulher?

- Era. Mas desta vez ela quis que viesse sozinho...

- Não quis é vir consigo! (sorrindo...)
  Tem uma filha, não tem? Ela também costumava vir consigo às consultas, não era?

- Não, nunca veio... Por acaso tenho dois filhos, um rapaz e uma rapariga...

- Que idade é que eles têm?

- Ele tem 21 e ela 23.

- Ah, ela é a mais velha !
e chegando ao fim de todos os exames, diz:
  Por aqui está tudo normal. Continuamos a não se saber porque é que  aconteceu...

- Tinha que ser... (pausa) e perante ausência de resposta da parte do médico, comento: ...parece que existe aí um valor que está um pouco elevado...

- Pois, é verdade. Talvez seja qualquer coisa relacionada com o que está a tomar... O que é que está a tomar?

- O que me receitou... (não sabendo muito bem o que dizer...)

Depois de citar os dois medicamentos que tinha originalmente prescrito, pergunta:
- Como é que tem feito com a compra dos medicamentos? Não tinha receita para eles, pois não....?

- Não. A última consulta foi em Dezembro de 2010...!!! Mas um deles é muito barato e o outro aproveito o facto da minha mulher estar a tomar o mesmo e... parto o comprimido ao meio.

- Quanto é custa?

- Cerca de 2 euros.

Ahh, parte ao meio... (novamente com o sorrido malandreco...), mas assim não toma a dose certa.

- Não...? Então parto-o ao meio... ela toma de 20mg e eu tomo 10mg... metade de vinte é dez... (Sorrindo, mas pensando ao mesmo tempo não estar a proceder bem...)

- Ah é 10mg? Então está bem...

Chegando perto do fim da consulta, diz que vai marcar nova data e pergunta se em Dezembro está bem.

- Segunda ou quinta?

- Qualquer dia para mim está bem e pode ser a esta hora...

- Então fica para 20 Dezembro.

- Nunca que sabe..., esta foi adiada uma vez e a anterior foi duas ou três vezes...

- Ás vezes acontece (sorrindo de novo)... Mas desta vez não falha, é mesmo em Dezembro.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sincronismos

A mensagem de luz desta semana, recebida ontem, tem o título "Uma porta fechada"...

Ontem na minha leitura habitual, parei num capítulo em que fala precisamente nas portas, nas diversas portas que temos de atravessar ao longo das nossas vidas, daquelas que não se abrem quando nós queremos, e não se abrem simplesmente porque não é por aí, ou não é o momento certo.

Mais um sincronismo...

Amanhã é dia de consulta de neurologia de rotina, a última foi em Dezembro de 2010, e esta era para ter sido o ano passado mas, como tem sido decorrente, recebi duas ou três cartas a comunicar sucessivamente o seu adiamento.

Em Dezembro quando estive nessa consulta, prometi a mim mesmo que não voltava lá, não é por nada... mas é uma consulta de hospital... e não só, a minha empatia com o médico tenho que admitir que foi pouca, mas continuando..., prescreveu alguns exames e análises da praxe e este mês resolvi fazer as ecografias sugeridas pelo médico, tendo deixado as análises para a última hora.

Em casa disse que talvez fosse à consulta mas, levaria o que tinha e teria que dizer que enviava os resultados por email directamente para o médico, uma vez que ainda não as tinha feito...
Era a minha forma de demonstrar o desinteresse pela consulta e pelo médico...

Decidi hoje fazer a recolha de sangue para as ditas análises, a funcionária do laboratório olhou para o papel e viu que tinha a data de Dez.2010 e franziu a cara, sinal que me ía dizer que aquele papel já não servia...
Porém, levantou-se, procurava qualquer coisa, que entretanto a minha intuição adivinhou tratar-se de um corrector e, passou-o na data e disse: Pronto já está!! Sabe que com esta data de 2010 ninguém aceitava este documento...

Mesmo assim sempre podia perante o médico responder-lhe, quando me perguntasse pelos resultados do sangue e urina, que não os tinha...

Depois de sujeitar-me à "maldade" da agulha, como a técnica lhe chamou, disseram-me que os resultados estavam prontos no dia 1 de Fevereiro e perguntaram-me se poderiam enviar para um email, pergunta à qual respondi que sim.

E não é que acabo de recebê-los há pouco mais de meia hora..... os extensos resultados entregues no mesmo dia... Será normal?...

É ou não um sinal para que vá visitar o meu "amigo" médico?

Ah, devo dizer que os resultados de todos os exames e análises parecem estar bem...dentro dos parâmetros tidos como normais.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Leituras

Nunca fui muito de ler…
Acho que me aborrecia, não sei…
Já li mais livros nos últimos 3 – 4 anos, do que nos anos precedentes… Talvez seja uma surpresa para quem me lê, mas penso que é a verdade…

Nunca gostei da disciplina de português… era aí que tirava sempre as piores notas…
Lembro-me de uma vez no liceu quando a professora leu os meus pensamentos e, pediu-me para ler qualquer coisa em voz alta e lhe respondi que não gostava de o fazer…, e penso que mantive a minha vontade até ao fim, escusado é dizer que nesse período tive negativa a português…

Uma coisa está a mudar… hoje gosto muito de ler e, como sabem até gosto de escrever…

Recordo que gostava de ver a minha letra, sou de uma geração que a caligrafia tinha muita importância para os professores, sobretudo na primária, julgo que aqui já relatei as minhas idas ao quadro de ardósia para, com o giz, dar o exemplo perante os restantes colegas de turma de o que era uma caligrafia perfeita…
Nos tempos de troca de correspondência, a maior parte dela no verão, entre amigos e amigas, gostava muito de enviar e receber cartas e postais.

Passaram tão poucos anos e como tudo mudou… hoje em dia comunica-se através de emails, do facebook e sms. Tanta coisa mudou…

Um dia, estava sempre a tentar inovar…, reparei que era com facilidade que conseguia escrever com a mão esquerda da direita para a esquerda, tipo árabe, ou seja, só dava para ler colocando um espelho à frente… Lembro-me das primeiras cartas que escrevi assim, provocando alguma estranheza a quem as recebia e só passado algum tempo é que lá descobriam a forma de as conseguir ler…

O meu lado dominante sempre foi o esquerdo, só para escrever é que utilizo a mão direita e, para fazer a minha assinatura que tinha que ser através de forma rápida, como a minha mão direita está um pouco preguiçosa, a forma que resolvi de contornar a questão, para não ter medo de assinar sempre que era preciso, foi simples… lembrei-me de voltar a uma habilidade que já quase não me lembrava… Hoje em dia não assino nome completo como fazia, faço uma réplica tipo espelho, da direita para a esquerda, de uma rubrica que pouco utilizava, isto para não demorar muito e as pessoas não repararem na forma pouco usual de escrever… e na verdade ainda não houve ninguém que reparasse. A vantagem: penso que ninguém consegue falsificar a minha assinatura, penso que é impossível para alguém que escreva normalmente, da esquerda para a direita.

Mas não era aqui que queria chegar.
Era à questão da leitura e, o pensamento é o seguinte:
Já sabemos que tudo o que acontece tem um momento, uma hora, tudo é mágico (como já li…) e, tenho-me apercebido que até na leitura isso se constata.
Tudo o que se lê, a sequência das leituras, sejam elas livros ou qualquer outra fonte, mas principalmente os livros, os capítulos que se deixam para os dias seguintes, parecem que foram feitos para serem lidos naquela hora, naqueles momentos…
Há dois dias comecei a leitura de um livro de Roberto Leal…, de nome António Joaquim Fernandes, sétimo filho entre dez, filho do Sr. Avelino, não menos importante… tem uma história de vida interessantíssima…
Desde muito novo teve o sonho de cantar e, o nome artístico foi-lhe sugerido por professor de música e aceite por ele, Roberto em homenagem a Roberto Carlos, e Leal simplesmente pela postura muito leal perante a vida e os outros.
Simples, como ele…
Desde muito novo começou a reparar que existiam regras ou ensinamentos a que ele chama simplesmente regras de ouro… passo a citar algumas:

“O único adversário que temos, somos nós mesmos”,
“Saiba com certeza o que deseja, e o Universo conspirará a seu favor”,
“A vida devolve exactamente aquilo que você lhe der”,
“Ouça sempre o seu Eu maior, a sua voz interior”,
“Ouvir sempre o coração”

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Em 1981

Há dias descobri o blog de Paulo Coelho...

Certa vez, no inverno de 1981, eu caminhava com minha mulher pelas ruas de Praga, quando vimos um rapaz desenhando os prédios a sua volta.

Embora eu tenha verdadeiro horror de carregar coisas enquanto viajo (e havia ainda muita viagem pela frente), gostei de um dos desenhos e resolvi comprá-lo.

Quando estendi o dinheiro, reparei que o rapaz estava sem luvas – apesar do frio de 5 graus negativos.

“Por que você não usa luvas?” perguntei.

“Para poder segurar o lápis”. E começou a me contar que adorava Praga no inverno, era a melhor estação para desenhar a cidade. Ficou tão contente com a compra, que resolveu fazer um retrato de minha mulher, sem cobrar nada.

Enquanto eu esperava o desenho ficar pronto, me dei conta que algo muito estranho acontecera: havíamos conversado quase cinco minutos, sem que um soubesse falar a língua do outro. Nos entendemos apenas com gestos, risos, expressões faciais, e vontade de compartilhar alguma coisa.

A simples vontade de dividir algo fez com que conseguíssemos entrar no mundo da linguagem sem palavras, onde tudo é sempre claro, e não existe o menor risco de ser mal interpretado.