quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Reflexão... Don't Give up

Talvez seja banal e pouco importante, talvez seja uma verdade em que todos pensam frequentemente e irrelevante mas, tenho pensado por várias vezes que, se é certo que todos nós valorizamos espectos em nós próprios diferentes, a verdade é existirem algumas particularidades que era difícil imaginarmos, conscientemente ou não, ficar sem o todo ou parte delas, assim sendo existem pessoas que dão maior valor à imagem, outras ao vestuário, ao comportamento perante os outros, à destreza física ou manual, à habilidade, à capacidade auditiva, à visão, enfim, tantas coisas que poderia referir… talvez valorizem o que sabem, sentem, ou é melhor nelas ou, apenas saber fazer melhor…
Quantas vezes neste nosso mundo actual dos sms e email’s, enviamos um deles para alguém e, percebe-se que pela reacção, não os leram correctamente, ou seja, quem valoriza a oralidade e o contacto através da voz, pura e simplesmente não “sabe” ler.
Cheguei à “brilhante” conclusão, já há algum tempo, que a minha insatisfação principal prende-se com a fala, com a falta de fluência da dicção… da vontade em muitas vezes querer intervir, para demonstrar o meu ponto de vista e, não o fazer.
(E mais, sempre foi assim desde cedo… O receio de falar nas aulas revelou-se desde a primária, moderou-se na preparatória e intensificou-se no secundário… Sentia-me diferente dos outros, e para mim, para pior.
Era o típico menino da mamã, sempre super protegido, o único a quem a mãe levava o termo com o almoço, na altura da primária, enquanto os outros ou levavam de manhã de casa, ou comiam o que havia na cantina da escola…
Por isso ainda hoje, se bem que esteja muito, muito, muito melhor, seja esquisito para comer…
Gaguejava… e era gozado por essa razão e pelas outras… e essa situação aumentou na preparatória que, para quem não sabe (os mais novos…) eram os anos 5 e 6 da escolaridade e tinham essa designação.
E também é verdade que, quando é assim, criamos auto defesas… a minha foi isolar-me dos restantes colegas e, durante a primária (e depois nos últimos anos do liceu) ter-me tornado o melhor aluno, era sempre eu que dava os exemplos, escrevia no quadro de ardósia sempre que a professora queria exemplificar o que era uma caligrafia acertada e bonita, não dava erros, assistia às palmadas dadas com a enorme régua de madeira nos colegas…, nem sei se os que ainda são vivos ainda têm mãos…
Mas com os anos e o tempo as coisas mudam, nem sempre, para melhor (na nossa perspectiva), mas comigo as coisas mudaram satisfatoriamente e havia alturas que nem me lembrava de algumas minhas “limitações”… e praticamente era uma pessoa “normal”. Criei mecanismos que atenuavam muito a fluidez da voz…
O meu acidente vascular cerebral levou-me atrás, a querer que vivesse tudo de novo….
Ainda me lembro que, num exame oral final no ciclo preparatório, não me recorda a que disciplina, bloqueei e não consegui dizer uma palavra. O professor no final perguntou coisas básicas que qualquer miúdo sabe e, nada… devem ter compreendido o que se estava a passar e fiquei aprovado).
Mas voltando à reflexão que me trouxe aqui, devo ter sido alguém numa outra vida que abusou da capacidade oral em prejuízo de alguém, talvez tenha sido um daqueles políticos muito bem falantes, mas que no final, ou até a meio, apetece pedir para que se cale… falam muito bem, percebe-se tudo lindamente mas, não dizem nada…
Tenho consciência que tudo isto ocorre em consequência da vivência do medo, no receio de na altura própria, não o conseguir fazer… da forma que pensamos ser a mais certa…
Sei que estou a passar por esta experiência simplesmente por que tenho de a viver e, enquanto não a ultrapassar, a vida vai mostrar-me novamente e de repente, como já aconteceu, para que não me esqueça de fazer algo que tenho de fazer, só não sei o quê… e aqui é que reside o problema…
As pessoas com quem falo mais abertamente sobre o problema dizem que, não notam nada de mais, algumas até dizem que não notam qualquer anomalia na minha fala.
É certo que muitos de nós achamo-nos menos do que os outros, pensamos ser menos capazes do que os restantes, mas as capacidades estão dentro de nós, só temos que as procurar…
e
NÃO DESISTIR.





Gostava ainda que vissem e ouvissem a entrevista a Mário Pardo, (principalmente a partir do minuto 47.30), que passou na RTP Memória no passado dia 15. Sempre este dia emblemático… 15…
Curiosa a forma como aborda a vida no geral, e a própria, e como ultrapassou um período em que esteve no fundo de poço emocional, como ele próprio designa. É igualmente marcante o facto de que estive lado a lado com ele por diversas ocasiões, no período de reabilitação num ginásio de Lisboa. O sorriso constante é mesmo real, a alegria que transmite é mesmo verdadeira para quem não o conhece pessoalmente… 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Barco de papel

Hoje dormi a noite toda, coisa que acontece poucas vezes durante o ano... mas acordei cansado, com a sensação de ter dormido pouco...

Estou particularmente triste... e se estou, é para estar...

Comecei o dia de bicicleta, estou a tentar fazer as deslocações sempre que posso de bicicleta, e as segundas feiras são propícias.

Tenho pequeno espaço de trabalho na zona da Ajuda, de onde aproveito para fazer caminhadas e visitar habitualmente a zona de Belém que, é espantosamente bonita e inspiradora. E hoje mais uma vez senti que temos uma cidade linda... com o rio Tejo a tocá-la constantemente, e simultaneamente a nós próprios...

Passei o fim de semana em Lisboa e, tanto o sábado como o domingo, passeei-me pela margem do rio, onde a cidade toca o rio, em Belém, claro.

No sábado assisti ao render da guarda junto ao Monumento dos Combatentes do Ultramar, para quem não conhece é uma peça escultórica geométrica muito bem desenhada situada no meio de um espelho de água, como que rompendo a superfície da água e apontando para o Céu, aparecendo o conjunto envolvido pelas paredes do forte de Belém forradas com muitos nomes de antigos combatentes tombados durante a guerra. Foi a primeira vez que assisti e não sei se foi sempre assim, com som ambiente, talvez para turista ver... e não sei porquê, emocionei-me...

No domingo estive mais uma vez em Belém, desta vez para me encontrar com uma pessoa a quem comprei pintura, mais precisamente uma Mandala... linda... pela qual foi amor à primeira vista.
Estabeleci contacto pela net com o autor, marcámos encontro por sms e com pena minha tivemos pouco tempo para conversar, tudo por causa dum polícia de trânsito que estava a proibir o estacionamento naquela zona... Ficou a promessa de qualquer dia tomarmos um café.
Fica aqui a indicação do blog do José J. Duarte:


Voltando ao dia de hoje, depois de almoçar em pequeno restaurante em frente à Igreja da Memória, (onde na passada sexta feira, no mesmo local, estive lado a lado com Rui Reininho e, fiquei a saber que ele faz canções, não sei se letra e música ou apenas uma delas, para o Paulo Gonzo, que curiosamente sábado, ou seja, apenas um dia depois, a Olinda escreve um texto em que fala dele...), fui até junto do rio, sentei-me num dos pontos de amarração da doca junto ao Padrão dos Descobrimentos, fechei os olhos e senti a vida como um barco de papel...

Um barco de papel na água, por muito boa que seja a qualidade do papel, dura necessariamente pouco... assim como as nossas vidas, ainda que por vezes achemos que nunca mais acaba...
Ía na corrente do rio, a caminho do mar, e com medo do desconhecido lançava cordas para amarrar nas margens do rio, era como se socorresse de várias pessoas que seguravam os cabos, essas pessoas eram importantes para o barco mas, faziam com que o barco não tivesse tempo nem resistência para chegar ao mar, para chegar ao seu destino final...