domingo, 26 de agosto de 2012

Opostos da vida


Hoje é dia feliz e infeliz, comemora-se hoje o aniversário da minha mãe, completa 76 anos e, como é hábito, é dia de almoço em família de pai e mãe com os três filhos.
Há muito que meus pais não saíam de Lisboa, e estavam desde o meio desta semana numa casa perto de Peniche.
Meus pais estavam satisfeitos e felizes, cada um por seus motivos, meu pai por ter conseguido mais uma vez levar o automóvel até lá, minha mãe por gostar muito da zona devido a ter passado muitos anos no local, (tal como nós os filhos) e principalmente por se dar mal com o calor de Lisboa, mas além de todas estas razões, julgo que a mais importante é, terem motivos para comemorar um dia de cada vez…, numa altura que falam quase todos os dias da morte.
Enfim tudo boas razões para nos levar todos no dia de hoje, domingo, à Serra D’ El-Rei…
A meio da manhã, toca o meu telemóvel, “Pai móvel” aparece no ecrã, meu coração dispara, antes de atender respiro fundo, minhas memórias voltam…
Oiço a voz do meu pai com um tom de “bom dia” conhecido…
Diz com a calma do costume que caiu na banheira e partiu a clavícula, que no momento estava no hospital de Peniche à espera de ser transferido para o S. Francisco Xavier para ser submetido a uma cirurgia…, e com ironia diz que talvez seja melhor ficarmos em Lisboa…
E pede-me a mim para ligar às minhas irmãs, a avisar do sucedido.
Diz-se muitas vezes aqui em casa que o meu pai é um sobrevivente, tem passado por muitas situações que obrigam hospitalização, faz colecção de cirurgias, algumas depois das quais os médicos não acreditam como é possível recuperar como recupera… e já coleciona 81 anos.
Qualquer dia escrevo aqui alguns episódios ocorridos com a família, inclusive eu próprio, de acontecimentos dignos de constarem no Guiness Book.
Um domingo de festa comemorado no hospital. Mas a vida é mesmo assim, feita de opostos… um dia bem e outro mal. Sempre na esperança que logo a seguir à tempestade venha a bonança.
Há dias enviaram-me uma fotografia por telemóvel, foi tirada pelo meu tio, irmão da minha mãe, nem eles sabiam que vinha aqui parar… a minha mãe segura nas mãos um desenho que eu fiz quando era miúdo… coisas que só quem a conhece sabe...
 
 

Ainda que seja muito difícil para a minha mãe e o meu pai lerem este texto, não têm internet nem computador, aqui fica:

PARABÉNS MÃE


Actualização:
São agora 22,13h, acabamos de chegar do hospital de Santana, na Parede, onde acabou por ficar após nova transferência do HSFX, e amanhã a equipa médica vai decidir o melhor para ele. Na última cirurgia que fez, em Janeiro de 2009, o médico comentou que ele não resistiria a nova anestesia, devido aos problemas cardíacos que tem... nem o cirurgião sonhava que estava frente a frente com o super-homem em pessoa...

Temos de confiar e entregar o assunto...

Uma coisa é certa, a vista da varanda do quarto é magnífica, tornando-se tranquilizadora e inspiradora...


 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

13 de Agosto


Hoje em dia existem dias para tudo e, hoje é o Dia Internacional do Esquerdino…
Quando liguei o computador foi a notícia que me apareceu primeiro, dessa forma hoje para mim é dia de mais um texto.
Chamam esquerdinos aos canhotos, acho muito mais fácil a palavra canhoto, se bem que a ache um pouco feia, canhoto faz-me lembrar mais um pedaço de árvore que normalmente serve para os fogões a lenha mas…. adiante.
Comemorado a 13 de agosto desde a década de 70, o Dia Internacional do Canhoto foi instituído com o objetivo de desmistificar o uso da mão esquerda para tarefas habitualmente realizadas com a direita. O facto de ser no mês de Agosto e no dia 13 são dois sinais de que antigamente ser canhoto era visto como uma maldição.
Quem me conhece sabe que, desde pequeno que utilizo muito mais o lado esquerdo, do que o direito, que no nosso cérebro corresponde precisamente ao inverso, quem é canhoto utiliza o hemisfério direito e quem não é o esquerdo. Parece lógico e talvez quase ninguém pense nisso, mas é a verdade, é como se duas linhas se cruzassem do cérebro aos pés em forma de X…

Tal acontece porque “todos nós possuímos dois hemisférios no cérebro e muitos canhotos processam a linguagem usando ambos os hemisférios, já o mesmo não ocorre com os destros, que usam principalmente o hemisfério esquerdo”.
“Ser canhoto já não é um problema. Nem socialmente. Eles são bem aceites e no seio das famílias a informação já circula. É uma caraterística como outra qualquer”, cita Ana Dias, pedopsicóloga, no texto da net.
Albert Einstein, Leonardo da Vinci e Beethoven eram canhotos e isso é mencionado hoje com orgulho…

Antes da primária que insistiram comigo para escrever com a mão direita…, coisas desse tempo, felizmente que hoje em dia já não é assim, sinto até que existem cada vez mais canhotos. Nós que durante muito tempo, pensámos que éramos diferentes, cada vez somos mais iguais.
Não abordo a questão do desenho dos utensílios comuns, como talheres de peixe, tesouras, tudo o que não é simétrico, está pensado para ser utilizado por destros, é muito difícil ser utilizado por nós… experimentem utilizar uma tesoura com a mão esquerda e logo veem… a primeira dificuldade prende-se como posicionar os dedos nas tesouras que, fazem com uma argola maior do que a outra, depois é questão do corte, temos que fazer pressão contrária entre os dedos polegar e indicador… mas fazemos recortes muito mais perfeitinhos…. Heheheheheh.
Uma coisa curiosa é que, os utilizadores assíduos da parte esquerda do corpo conseguem identificar imediatamente seres semelhantes, quando na presença deles. Explico: quando estamos na presença de iguais a nós, apercebemo-nos logo com um pequeno gesto deles, como tomar uma nota, beber um café, utilizar um tablet, enfim, apenas por pequenas coisas. E tudo é processado naturalmente, não andamos “à caça” de canhotos.
Bom, esta conversa toda para vos mostrar como sou habilidoso, desde que estou de férias perto da praia do Monte Clérigo, que um projecto totalmente sustentável apareceu no meu cérebro, no hemisfério direito… daí a meter mãos à obra, foi um passo… com o pé esquerdo, claro.
Fazer uma barreira visual no nosso chuveiro ao ar livre…
Foi acabada ontem, bem a tempo de comemorar o dia de hoje…
Custou umas idas à praia… mas como tudo o que acaba bem, valeu a pena. Se não cair, é mais uma obra com projecto assinado por mim, com a mão esquerda, que fica.
Tenho necessariamente que, referir a ajuda preciosa da Margarida a atar as canas, que essa coisa de atar com linhas e fazer nós nunca foi o meu forte…
Ora vejam como ficou...