sábado, 16 de julho de 2011

Estar vivo...

Ontem tentei escrever, para passar para o papel tudo o que me aconteceu neste dia, mas não tive forças….

Ontem aconteceu uma coisa estranha comigo, que ainda hoje estou a tentar analisar....

Como era sexta-feira, e normalmente nos últimos tempos, costumamos eu e a Margarida ir até Aljezur, já saímos perto das 13,00h sem saber onde iríamos almoçar. No princípio pensámos comer mal que saíssemos da A2, em Grândola, mas onde parámos estava uma confusão enorme e preferimos andar mais um pouco na esperança de encontrar local más sossegado…

Pelo caminho disse que o que era bom era encontrar um restaurante que estivesse aberto “só para nós” com uma sala vazia… e no trajecto conhecíamos um local que aquela hora deveria estar com semelhante ambiente… Em Almograve. E parámos. Eram já 15,00h.

Sala só para nós… Foi fácil escolher o repasto, há dias que andava a comentar que me apetecia polvo, e havia na ementa polvo à lagareira. Assunto arrumado. Prato escolhido.

Na sala havia uma televisão ligada com um daqueles programas tipo “as tardes da Júlia…” Como a televisão tinha o volume no mínimo só se via os “bonecos…” eu fiquei virado para a televisão… aparecia na altura um homem com a legenda em rodapé que dizia que comunicava e conseguia ouvir espíritos…, e depois apareceu uma mulher que conseguia psicografar mensagens de espíritos… enfim espíritos para cá e para lá….

Às tantas, o polvinho que estava a saber tão bem…, comecei a sentir-me mal disposto e tonto e, disse de imediato à Margarida que havia algo que não estava bem… e de repente disse-lhe que ia desmaiar…, ela levantou-se e veio para o meio lado e pegou-me na mão, disse-me (só depois) que não sentia batimentos… logo a seguir deixei de ver, só via a cor branca, muito brilhante… assustado comecei a aplicar os poucos conhecimentos que tenho de limpezas, mas julgo que não conseguia estabelecer conexão, comecei a inspirar e expirar vezes consecutivas, e aos poucos fui voltando ao normal, pelo meio bebi um café com o pacote do açúcar todo, transpirei muito, senti frio e calor… uma situação deveras aflitiva… que pareceu durar uma eternidade...

Pelo meio, não se é pieguice minha, senti a morte perto… e comecei a entregar, a entregar….e a entregar-me…

A Margarida só me perguntava se tinha alguma dor… Nuca senti qualquer dor, apenas sentia o centro do peito muito quente…. Depois por instantes comecei a sentir o calor a subir para a cabeça, que entretanto desapareceu… mas no peito, esse continuou…

Havia que tomar uma decisão, continuar a viagem ou regressar a Lisboa… Após algum tempo de reflexão, optámos por regressar, era mais seguro, sempre tínhamos o hospital à porta de casa, para o caso da coisa agravar.

Tinha o fantasma do medo a rondar o corpo… o medo de voltar a passar tudo o que passei…

Passei o resto do dia a sentir o medo, e a continuar a sentir frio e calor, alternadamente. Não consegui comer ao jantar, a Rita e o Francisco até foram ao japonês buscar comida...

Fiz limpezas sucessivas… e ainda durante a viagem de regresso a Lisboa, senti uma presença opulenta e de braços abertos a libertar-se de mim…

Antes de a fazer e ter sentido o que senti, arrotava como se tivesse comido bastante e bocejava sem parar… A Margarida até me perguntou: Estás com sono? Depois os bocejos pararam…

Veio a noite e mais uma vez o medo, que não conseguia afastar, e mais uma vez a memória da noite de 15 de Março de 2009… Ontem foi dia 15, para ajudar… e já sabem a minha panca dos números… e não é que um colega que é raro ligar para mim, ontem durante a viagem ligou para saber como é que eu estava?... O mesmo colega que passou comigo a véspera do dia em que tudo mudou…

Felizmente passei uma noite normal, se bem que tivesse acordado inúmeras vezes, mas consegui sempre voltar ao sono.

Hoje disse que me apetecia sair um pouco de casa e fomos almoçar, só os dois, que a Rita e o Francisco foram os dois para a praia.
E senti durante o almoço como se tivesse saído de um internamento hospitalar,… do dia seguinte,… e da lembrança de como é bom viver cá fora…

Agora já me sinto quase “novo”… e o conseguir escrever estas palavras tem um sabor a vitória e a “vivo” que não é possível descrever…


2 comentários:

Olinda Cristina disse...

Presumo que a esta hora o Pedro já saiba o que lhe aconteceu, certo?...Estamos aqui para o que precisar. Não hesite numa situação destas em contactar. Beijo grande e abraço.

Pedro Quitério disse...

É bom saber que temos sempre alguém disposto a ajudar...
Ainda não sei muito bem o que me aconteceu... acho que, com o tenho aprendido nos últimos tempos com a vossa ajuda (do projecto, e não só...), só pode ter sido uma entidade, mas assim desta forma tão repentina, nunca me tinha acontecido coisa semelhante... e tento afastar a ideia que me aconteça novamente.
Um beijo grande também para si, Olinda.